Ex-diretor da Petrobrás desmente Bolsonaro e explica que dívida na empresa era para investir no pré-sal

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Uma dívida tomada para investimento em uma verdadeira mina de ouro negro, com 100 bilhões de barris de petróleo, a maior descoberta de província petrolífera mundial em 50 anos. Como sabem todos os agentes financiadores, um compromisso de pagamento altamente seguro e rentável. Não por acaso os bancos, que não são casas de caridade, emprestaram os recursos necessários à Petrobrás para que a empresa explorasse o pré-sal. E é isso que tem garantido à companhia resultados positivos até hoje.

Assim pode ser resumido o modo como o ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobrás, Guilherme Estrella, geólogo considerado o “pai do pré-sal”, explica a tal dívida bilionária da companhia que o presidente Bolsonaro tem citado em debates, como o do último domingo, 16, para defender a tese de que “o PT quebrou a Petrobrás”.

“O pré-sal é a maior província petrolífera descoberta no planeta nos últimos 50 anos. São 100 bilhões de barris de petróleo na costa brasileira, em território nacional, em frente a São Paulo e Rio de Janeiro. Isso exigiria, a Petrobrás como operadora única, de acordo com o marco regulatório, recursos muito extensos [para explorar], mas com a segurança de pagamento e ressarcimento aos financiadores, que é o pré-sal. Isso é o que interessa aos bancos”, explicou Estrella, no programa NF ao vivo, na noite de ontem.

O ex-diretor continua: “o banco quer o lucro. Ele parte do pressuposto de que, a quem ele emprestar tem os recursos, tem as riquezas que seriam transformadas em recursos para que eles recebam o pagamento. E foi assim. A dívida cresceu efetivamente, mas cresceu porque nós tínhamos 100 bilhões de barris na mão, primeiro, e, segundo, um mercado consumidor interno que não era para consumir, na época, 2 milhões de barris, mas 4 ou 5 milhões de barris, se não mais”.

No debate na Band, o presidente atual falou em R$ 900 bilhões em dívidas da Petrobrás [o montante também é controverso e já foi considerado falso ou exagerado por agências de checagem, que apontam para um endividamento de pouco mais de R$ 506 bilhões], mas não reconhece que o valor foi tomado para que a empresa tivesse os recursos necessários para investir na exploração do pré-sal, que tem garantido lucros sucessivos à empresa e o pagamento das dívidas.

O programa NF ao vivo dessa semana contou ainda com a participação do ex-conselheiro de administração da Petrobrás, Danilo Silva, que integrou o conselho da empresa como representante eleito dos trabalhadores, que também desmentiu o presidente em vários pontos em relação à companhia, na conversa moderada pelo jornalista Vitor Menezes e pelo diretor do Sindipetro-NF, Rafael Crespo.

Confira a íntegra do programa

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