Folder distribuído pelo NF mostra urgência de “abrasileirar” a Petrobrás

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Durante o 18º Congresso dos Petroleiros e Petroleiras do Norte Fluminense, delegados e delegadas receberam um folder de quatro páginas que traz cenários da Petrobrás em três momentos. O terceiro deles é o da perspectiva para o pós-2023, com o que poderá acontecer com a empresa se um projeto popular de país for eleito.

O material também está sendo disponibilizado para toda a categoria e será panfletado. Confira abaixo o conteúdo da publicação. No final da página, a versão em PDF também está disponível.

Abrasileirar a Petrobrás para reconstruir o Brasil

Se fosse uma fábula, seria a história da águia que fez de tudo para virar marreco. Na primeira década deste século, a Petrobrás atingiu a autossuficiência, descobriu o pré-sal, fortaleceu a sua presença integrada em todo o país, aumentou seus índices de produção, elevou em 360% os investimentos em pesquisa entre 2003 e 2011 (firmando parcerias com mais de 120 universidades e centros de pesquisa), entre outros avanços gigantes.

Entre 2000 e 2011, o crescimento da produção de petróleo na empresa foi de 73% (no mundo, foi de 12%), e na produção de gás a elevação foi de 61% (no mundo, 36%). As reservas cresceram, no mesmo período, 73% (no mundo, 38%). Os empregos próprios e terceirizados cresceram e a indústria nacional se fortaleceu.

Agora, depois da devastação promovida pela Operação Lava Jato e pelo governo Bolsonaro, é hora de pensar em como recuperar a empresa. Seu papel continua a ser essencial para o país e é preciso tomá-la de volta para os brasileiros e brasileiras. É preciso abrasileirar a Petrobrás novamente.
Confira dados e perspectivas da companhia em três momentos:

A Petrobrás em três cenários

A Petrobrás que tínhamos
(Dados de 2010-2011)

Produção
– Crescimento médio de 3,4% de 2002 a 2011 (de 1,7 milhões de barris dia para 2,3 milhões dia)

Empregos
– Cresce de 49 mil para 82 mil empregados próprios entre 2003 e 2011.

Pré-sal
– Descoberta em 2006.
– Criação de novo marco para dar controle estratégico pelo país da nova riqueza.
– Criado Fundo Social para a educação.
– Criada empresa 100% estatal PPSA para gerir recursos governamentais oriundos do petróleo.

Política de compras nacionais
– Adoção da política de que tudo o que pudesse ser comprado no Brasil seria comprado no Brasil, o que gerou criação de milhares de empregos e crescimento da cadeia de fornecedores nacionais.

– Criação do Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo), para qualificar os fornecedores nacionais, gerando 640 mil postos de trabalho entre 2003 e 2009. Participação dos fornecedores nacionais sobre de US$ 35 bilhões para US$ 190 bilhões no mesmo período.

Participação nos leilões
– Modelo de leilões de áreas de exploração não é rompido, mas empresa muda postura, passando a disputa-los de modo mais agressivo.

Refino
– Ultrapassa-se os 90% de utilização da capacidade instalada em 2007. Desde 2005 expansão do parque de refino (que estava estagnado desde os anos 80), com planos de construção de 5 novas refinarias. Projetos não foram completados. Somente Refinaria Abreu e Lima foi concluída.

Organização interna, planos e estratégias
– Fim das UNs (Unidades de negócio) – Petrobrás fatiada.
– Fortalecimento das UOs (Unidades operacionais) – Petrobrás como um sistema integrado.

 

 

A Petrobrás que Bolsonaro está deixando
(Dados de 2019-2020)

Produção

– Descoberta do pré-sal e investimentos do período anterior permitiram chegar a 2,9 milhões de boe (petróleo e gás) no terceiro trimestre de 2020.

– Recordes na exportação de petróleo cru: mais de um milhão de barris por dia em setembro de 2020.

– Produção em 2019 estava em 2,7 milhões de boe.

Empregos

– Quadro de empregados próprios cai para 54 mil em 2020.

– Operação Lava Jato dizimou as principais empresas fornecedoras da Petrobrás. Estima-se que entre 5 e 7 milhões de postos de trabalho tenham sido perdidos. Somente nas seis principais empreiteiras, foram mais de 300 mil.

Pré-sal

– Desmonte da estrutura regulatória.

– Petrobrás não é mais operadora única.

– Fundo Social não está em operação.

– Anunciada intenção de vender/privatizar a PPSA.

 

Política de compras nacionais

– Processo acelerado de desmontagem da política industrial para o setor petróleo.

– Redução drástica de exigências de conteúdo local mínimo.

 

Participação nos leilões

– Leilões se aceleram com objetivo de arrecadação fiscal de curto prazo. Partilha está sob ameaça.

 

Refino

– Projetos foram cancelados, gerando aumento da dependência brasileira por importação de derivados.

– Estimativa da ANP é a de que déficit da Balança Comercial do Brasil em derivados de petróleo pode alcançar 1,1 milhões de barris em 2030.

 

Organização interna, planos e estratégias

– Arrendamento ou hibernação de unidades de fertilizantes.

– Aceleração da venda de termoelétricas a gás natural.

– Saída da Gaspetro, NTS e TAG.

– Ficar somente com 50% do parque de refino no Sudeste do Brasil.

– Saída dos biocombustíveis.

– Venda de participação na petroquímica.

– Venda do controle da BR Distribuidora.

– Foco nas atividades do pré-sal das Bacias de Santos e Campos.

– Deixa de ser uma empresa nacional, para concentrar-se no RJ e em SP.

– Aceleração das privatizações (Recorde no governo Bolsonaro).

– Conselho de Administração passa a ser composto predominantemente por representantes do setor financeiro (focados em lucros de curto prazo e sem visão estratégica de país).

– Abandono da busca por autossuficiência.

– Saída de operações onshore.

 

 

A Petrobrás que teremos que reconstruir
(Perspectiva para 2023-2024)

 

Produção

– Herança do pré-sal continua a segurar a empresa. Previsão de elevação da produção para 3,3 milhões de boe em 2023 e de 3,5 milhões em 2024.

– Somente em petróleo, produção saltará de 2,2 milhões de barris dia para 2,7 milhões em 2024.

 

Empregos

– Se não houver a mudança que o Brasil precisa, tendência é de continuação do encolhimento da empresa e redução dos empregos no setor.

 

Pré-sal

– Reversão da atual política passa pela desaceleração dos leilões e pelo aumento dos investimentos da Petrobrás (respeitando seus limites financeiros).

– Política de compras nacionais

– Reversão do quadro de desmonte será difícil. Empresas nacionais estão desestruturadas.

– Retomada somente será possível em políticas de longo prazo.

– Primeiros passos devem ser a escolha de subsetores com mais capacidade de recuperação e aumento progressivo das exigências de conteúdo nacional.

 

Participação nos leilões

– Defesa da desaceleração dos leilões.

 

Refino

– Mantida a política atual, tendência de consolidação de monopólios privados regionais.

 

Organização interna, planos e estratégias

– Previsão, se mantida política atual, de que a Petrobrás será uma grande exportadora de óleo cru em 2023, saindo totalmente da distribuição e do transporte. No refino, mantém apenas as refinarias do RJ e de SP, desfazendo-se de 50% do seu parque.

– Ainda se mantida política atual, Petrobrás deixa de ser empresa nacional e passa ser uma empresa média, focada no RJ e em SP.

– Governo ainda é acionista majoritário, mas com menor capacidade de influenciar na escolha dos integrantes do Conselho de Administração.

– Mudança passa por alterar a parte do governo no CA, adicionando membros comprometidos com a noção de que a empresa é produtora de petróleo e gás e não uma mera geradora de dividendos de curto prazo.

– Mudança também passa por retomar o controle do ritmo de abertura de novas áreas do pré-sal, aumento da apropriação da renda petroleira pelo Estado e escolha de setores mais aptos a fornecer serviços e equipamentos nacionais.

– Criação de nova política para áreas terrestres de campos maduros, buscando preservar renda petroleira local.

– Retorno da política de conteúdo nacional.

– Retomada de uma política nacional de fertilizantes e para área petroquímica.

– Redefinição do Plano Estratégico, retomando integração vertical.

– Retomar engenharia interna e fortalecer o Cenpes.

– Recuperar posições em áreas terrestres

– Ampliar participação em energias renováveis.

– Nova política de exportação de petróleo e derivados.

 

 

* O Sindipetro-NF acentua Petrobrás. Saiba o motivo em is.gd/acentopetrobras.
* Material produzido pela Imprensa do NF, com dados publicados pelo artigo “Especulações sobre a Petrobras depois de um tsunami, além de um dilúvio e um terremoto com incêndios. Um desastre”, de José Sérgio Gabrielli de Azevedo.

 

Folder Abrasileirar