Nascente 1085

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Editorial

Essa noite vai passar

Do petróleo à Amazônia, do uso da base de Alcântara ao sistema de previdência, o Brasil está sendo entregue ao sistema financeiro de modo voraz. Nesta semana, esta entrega ganhou reforço com a colocação de um agente do mercado financeiro para cuidar do Ministério da Educação, abrindo ainda mais as portas para os grupos privados explorarem o negócio das marcas de ensino fast food.
Nem mesmo têm o refinamento de adotarem estas medidas dentro um certo norte, com algum compromisso com o País, disfarçando que fosse como faziam os antigos liberais. Fazem tudo às escâncaras e de modo atabalhoado, entre uma e outra guerra ao “marxismo cultural” ou tuíte sobre obsessões presidenciais em relação a práticas sexuais alheias.
São temos bizarros de extremo anti-patriotismo erguido justamente por um discurso patriótico. Patos adestrados vestiram verde e amarelo para entregar o Brasil. Zumbizados por fake news caminhavam para o precipício indiferentes aos inúmeros alertas. E agora vivemos esse descalabro.
Não há saída possível que não seja o da recuperação de uma esfera pública que retome alguma racionalidade, algum senso de humanidade e de preservação de conquistas sociais históricas, e o necessário sentimento verdadeiramente nacional. Isso precisa ser feito com a mobilização dos trabalhadores, com o diálogo nas comunidades, com formação política e resistência na educação.
Os bandidos entreguistas que estão no poder continuarão movendo-se em correria nos salões de Brasília, com pressa para promoverem o máximo de destruição possível em favor dos bancos e do mercado financeiro. Mas o Brasil não é feito de gente como eles. Eles são minoria. A maioria somos nós trabalhadores, que queremos um País justo e soberano, livre dessas ratazanas subservientes que enganaram o povo com discursos moralistas para explorar a boa fé das pessoas.
Temos que nos unir para salvar o muito que ainda há e pode ser recuperado. Não vamos assistir indiferentes ao aumento da miséria e da vulnerabilidade do País em relação aos grupos empresariais estrangeiros. Essa noite vai passar.

 

Espaço aberto

Luto

Conceição de Maria*

Durante o Encontro das Mulheres Petroleiras, a psicanalista que estava à mesa, com a exposição do tema “equilíbrio entre a vida pessoal e profissional”, disse que luto não é somente quando se perde um ente querido, mas também um estado de amargura, desgosto…
E com essa fala consolidou o estado de luto que vivemos. Perdemos a democracia, perdemos na reforma trabalhista, a reforma da previdência nos ameaça a todo momento, as pessoas continuam a ser mortas em cada esquina e em cada canto do país a violência está galopante e quase nos avança. O desemprego atinge a cerca de dezoito milhões de brasileiros e brasileiras.
Estamos de luto, por um país que comemora a ditadura (perverso isso), perde a economia, a capacidade de gerar empregos em todos os setores e o povo arrumando as malas e saindo do país com medo, ou com esperanças de que do lado de lá encontrarão saídas para o ingresso ao mercado de trabalho.
Quantos lutos sofremos, quantas lutas desbravamos em busca desse coletivo que somente nós militantes de diversas aéreas entendemos. A caminhada sindical está além dos muros porque há extensão dos braços para abraços aos movimentos sociais que na boca dessa gente se marginaliza e na mente do povo se concretiza.
Queremos viver na consciência de que em meio ao caos, estaremos com as nossas bandeiras enfrentando tudo que virá. Nem que ela seja a única arma da consciência para essa crise tão voraz que nos atropelou em 2015 e tenta nos encobrir no mar de lama.
Estamos em luto. Mas luto é o verbo para continuarmos a lutar!

* Diretora do Sindipetro-NF

 

Capa

TIGRÃO COM O TRABALHADOR,TCHUTCHUCO COM O MERCADO

Presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, estimula demissões como a ocorrida recentemente em PNA-2, baseada em investigações sobre acidentes, onde os culpados são sempre os trabalhadores. Assembleias que vão eleger delegados ao Congresso Unificado NF, Caxias e Oposição RJ também vão avaliar manifesto contra essa política punitivista

TODOS UNIDOS NAS ASSEMBLEIAS

Rumo a um congresso histórico, que unirá as bases do Norte Fluminense e de Caxias, além da Oposição Rio de Janeiro, a categoria petroleira na região realiza assembleias para escolha de delegados e delegadas (calendário abaixo) e avalia manifesto que denuncia o cenário de perseguição dentro da Petrobrás e subsidiárias.
O documento (íntegra no quadro ao lado) mostra como a alta gestão da Petrobrás, usualmente mansa para com as exigências do mercado financeiro, tem sido feroz com os trabalhadores e trabalhadoras.
Pelo menos três demissões recentes de trabalhadores concur-sados acendem o alerta para uma guinada autoritária na empresa, uma delas no Norte Fluminen-se, em PNA-2, onde houve uma demissão, punições e perseguições, em razão de uma velha prática da Petrobrás, a de culpar as vítimas pelos acidentes. Também houve demissão na área administrativa, na Bahia, e na Regap, em São Paulo.
Face to face
A diretoria do NF realiza hoje, às 19h30, edição do Face do Face para discutir os preparativos para o Congresso Unificado e o cenário de insegurança e demissões na Petrobrás. É importante a participação de toda a categoria petroleira, por meio da interação na página do sindicato no Facebook.

Calendário

Até 15/04
Plataformas – Envio das atas até às 12h do dia 16 – 02 delegados(as) por unidade.

15/04
Cabiúnas ADM – 7h – *.
Sede de Macaé (Setor Privado) – 15/04 – 18h – 05 delegados(as).
Cabiúnas Turno – 23h – *.
*Total delegados(as) de Cabiúnas: 07.

16/04
Edinc – 12h30 – 04 delegados(as).

17/04
Sede de Campos – 10h – 20 delegados(as).
Parque de Tubos – 13h – 06 delegados(as).

18/04
Imbetiba – 13h – 10 delegados(as).

Manifesto submetido às assembleias

Manifesto dos petroleiros e petroleiras do Norte Fluminense

Contra os retrocessos na política de segurança de trabalho da Petrobrás

Nós, petroleiros e petroleiras do Norte Fluminense, denunciamos com veemência o retorno ainda mais ousado de uma política de gestão típica da Petrobrás no século passado. Trata-se de colocar na vítima a culpa pelo acidente no trabalho. Agora, este procedimento se reveste de uma perversidade adicional: atribuir culpa por acidente também a trabalhadores próximos à ocorrência para justificar demissões — como no absurdo caso recente de PNA-2, onde houve punições, perseguições e uma demissão.
Durante décadas, este tipo de postura punitivista, além de promover injustiças e arruinar as vidas de várias famílias, provocou o próprio aumento da insegurança, uma vez que acabava por varrer para debaixo do tapete as reais causas dos acidentes, que estão na quase totalidade das vezes relacionadas a decisões de gestão que se dão bem acima dos cargos de gerência geral.
Em recente matéria jornalística distribuída pela agência Reuters, o próprio presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, deixa clara a sua política. “Como exemplo, o presidente da Petrobras apresentou um relato de um mecânico que morreu durante o trabalho, por um erro que teria sido cometido por ele mesmo. No entanto, Castello Branco ressaltou que outras pessoas também falharam no caso e que a demissão delas seria algo a ser considerado”, diz a matéria.
A investigação de acidentes sempre foi vista pela empresa com a perspectiva de quem precisa preservar os gestores do alto escalão. Agora, também passou a ser vista como oportunidade para reduzir custos, demitindo trabalhadores, inclusive aqueles que antes se julgavam protegidos pela companhia por ocuparem postos de comando, como supervisores e coordenadores.
A verdade, que todos nós trabalhadores e trabalhadoras bem sabemos, é que o que causa ferimentos, mutilações e mortes nos locais de trabalho no setor petróleo são políticas como a progressiva redução de efetivos, a retirada dos Técnicos de Logística e Transporte de bordo, a criação das CPPs (Célula de Planejamento e Programação) — que tirou o planejamento de bordo e passou para terra, muitas vezes com planejador nunca embarcou —, a implantação do GT-220 — que na prática é a volta do Operador Mantenedor —, entre outras que priorizam um aparente lucro de curto prazo em detrimento da vida.
Estamos cientes de que só a nossa união poderá superar este momento terrível pelo qual passa a empresa e o País. Sob o nosso ponto de vista, petroleiros e petroleiras, de quaisquer cargos, a Petrobrás está sendo arrastada por uma visão obscurantista que domina a cena nacional, e se reflete em temas como a segurança do trabalho. A cegueira financeira da gestão, a truculência nas relações humanas por ela estimulada, a sua indiferença para com as condições de trabalho, está deteriorando a ambiência, a produtividade e causando mortes.
Não assistiremos passivos a este descalabro. Todos nós, dos recém contratados para funções iniciantes da carreira, aos ocupantes dos mais altos postos, tanto das áreas operacionais quando administrativas, queremos respeito à vida e ao direito de sermos felizes em nossos locais de trabalho, com segurança e realização profissional.
Anunciamos que passaremos a observar com ainda mais atenção o exercício do Direito de Recusa, que nos é garantido pela Norma Regulamentadora 37 e pelos Acordos Coletivos da Petrobrás e subsidiárias. Ficaremos mais rigorosos em nossas práticas de segurança e manteremos o nosso sindicato informado sobre todas as pendências e impactos nocivos da gestão sobre as nossas condições de trabalho.
Pelo direito de viver, seguiremos juntos e fortes. E que não ousem duvidar da nossa capacidade de luta.
Petroleiros e petroleiras do Norte Fluminense
Abril de 2019

 

Embarques

Transtornos nos voos em Campos

O Sindipetro-NF tem recebido com frequência, de trabalhadores que embarcam pelo aeroporto Bartolomeu Lisandro, em Campos dos Goytacazes, relatos de que tem aumentado nos últimos dias os casos de atrasos, panes e transferências de voos, causando transtornos.
Além da grande ocorrência dos casos, as situações não são devidamente explicadas aos passageiros, que ficam apreensivos com mudanças, por exemplo, de uma aeronave maior para duas menores.
Os problemas relatados acontecem com voos da empresa CHC Táxi Aéreo, o novo nome da empresa BHS — que possui um histórico de acidentes na Bacia de Campos.
De acordo com o diretor do Sindipetro-NF, Tadeu Porto, que realiza com frequência reuniões setoriais com os trabalhadores no aeroporto de Campos, as queixas têm crescido e o sindicato vai cobrar providências da Petrobrás.
A entidade também solicita que mais relatos sobre os casos de problemas com os voos sejam enviados para [email protected].

 

Estatuto

Assembleia extraordinária dia 8 de maio

O Sindipetro-NF está convocando toda categoria petroleira a participar de Assembleia Geral Extraordinária na quarta, 8 de maio, 10h, na sede do Sindipetro-NF em Campos dos Goytacazes, para ratificar a alteração estatutária praticada em 30 de março de 2010, disponível em bit.ly/2UHJMQn.
A entidade disponibilizará ônibus para os sindicalizados de Macaé e cidades próximas participarem da assembleia. Sua saída será às 8h do dia da reunião da sede do sindicato em Macaé. Os interessados devem encaminhar um e-mail para [email protected] até 5 de maio.

Petros

FAÇA SUA ADESÃO AO PROCESSO

Em nova frente jurídica, sindicato disponibiliza oportunidade de ingresso com ações individuais

O Departamento Jurídico do Sindipetro-NF está reunindo documentos dos interessados em mover ações individuais contra o desconto do equacionamento da Petros.
“Liminares reforçarão a busca por uma solução negociada para o problema, como tentam a FUP e o Sindipetro-NF”, avalia o advogado Normando Rodrigues, assessor jurídico da entidade.
Os associados do Sindipetro-NF arcarão somente com as custas judiciais do processo, pagas ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, e não ao sindicato, e nem ao escritório Normando Rodrigues.

Atendimentos e documentos
Documentos necessários
– Contracheques relativos ao período compreendido de Janeiro/2018 até a presente data.
– Carteira de identidade, CPF e comprovante de residência.
Locais e horários
de atendimento
– Escritórios no Rio de Janeiro e Macaé (9h às 18h).
– Sedes do Sindipetro-NF (Macaé e Campos), no horário das 9h às 18h.
– Bases: o sindicato vai divulgar em breve um calendário de atendimento nas bases da Petrobrás na região para a adesão à ação.
Contato – [email protected]

Qualificação

Seminário dia 18 sobre equacionamento

O Departamento de Aposentados do Sindipetro-NF realiza, no próximo dia 18, na sede da entidade em Macaé, às 19h, o Seminário de Multiplicadores da Alternativa do PED Petros (Plano de Equacionamento de Déficit).
O evento, que também foi realizado na sede de Campos dos Goytacazes, tem como objetivo disseminar conhecimento para formar multiplicadores para a batalha entre a alternativa dos trabalhadores ao plano de equacionamento e a proposta da patrocinadora sobre o Petros 3.
Farão exposições o técnico atuarial da Anapar, Luís Felipe; o conselheiro eleito da Petros, membro do GT Petros e diretor do Sindipetro-NF, Norton Cardoso; e o assessor jurídico da FUP e do GT Petros, Marcello Gonçalves.
Será disponibilizado transporte entre Campos dos Goytacazes e Macaé, com saída da sede do NF em Campos, às 7h30. Os interessados devem fazer contato com a entidade nos grupos de aposentados e pensionistas do whatsapp.

 

Normando

80 gritos

Sim, foram 80 tiros em poucos segundos, disparados contra o carro de uma família. Com criança a bordo.
Não é de hoje que o suposto combate ao tráfico de drogas foi militarizado. Tornou-se uma guerra urbana, conduzida pela lógica de conflitos de baixa intensidade, e não por uma estratégia policial. O Bope, por exemplo, canta e louva essa realidade, e há quem ache lindo — até o dia em que as consequências baterem à sua porta.
Territórios Ocupados
Há muito vivemos em megalópoles socialmente desintegradas. Se a burguesia ocupa determinadas ilhas, com muros, condomínios de luxo e segurança privada, as organizações criminosas, sejam milícias ou quadrilhas do tráfico, ocupam muitas mais.
A diferença maior entre as ilhas reside na classe social. A identidade maior, na negativa do Estado, seja qual for sua manifestação ou esfera, municipal, estadual ou federal.
A militarização dos conflitos urbanos é contraditoriamente uma maior presença do Estado? Não. É mero instrumento de ação e controle das ilhas da burguesia sobre as demais. Agem naquilo em que as armas privadas da burguesia não podem. Por enquanto.
A derrubada da Ditadura Militar foi seguida pela Constituição de 1988, na qual se conseguiu inscrever que são “direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados…”
Não são privilégios, mas nenhum desses direitos existe sem o tal do Estado. E esse talvez seja o maior problema de vivermos em arquipélago: nas ilhas, o Estado conta muito pouco.
Ah. Mas há os que acham ótimo o “Estado Mínimo”.
País ocupado
As regras mínimas de convívio social, os valores afirmados constitucionalmente, também não sobrevivem sem o Estado. Em cada ilha valem normas próprias.
E houve quem, sempre por gosto, escolheu entregar a administração das duas principais megalópoles, e do próprio Brasil, para as ilhas que mais combatem não o crime, mas o Estado. Milícia e milicos, República de Curitiba e fascistas, formam o novo estamento representante de ilhas nas quais o trabalhador só entrará como serviçal. Ou como contribuinte das milícias.
Irónico especialmente para os que tanto reclamavam de serem contribuintes do Estado.
Somos agora não um pais de todos, nem de direitos. Somos um país ocupado. Massacres? Chacinas? Assassinatos políticos? Brutalidade sobre quem pensa diferente?
Apenas “danos colaterais”. O pior ainda virá.

Curtas

Reforma
Parlamentares feministas dos partidos de esquerda realizam hoje, das 9h as 13h, no Congresso Nacional, um ato das mulheres contra a Reforma da Previdência. O protesto tem como slogan “Levante das Mulheres em Defesa da Aposentadoria”. O objetivo é aumentar a pressão junto aos parlamentares contra a Reforma da Previdência que retira o direito da população mais vulnerável e dos trabalhadores mais pobres, em especial as mulheres.

P-53
Começou ontem mais uma Operação Ouro Negro, que realiza ações de inspeção e fiscalização em plataformas marítimas de exploração e produção de petróleo e gás natural. Dessa vez a plataforma de P-53 da UO-Rio é que passa por esse processo de auditoria. O diretor Luiz Carlos Mendonça (Meio Quilo) representa o Sindipetro-NF na atividade de fiscalização a bordo. A previsão é de desembarque amanhã.

Mulheres de luta
Realizado no último final de semana, em Vitória, sob o lema “somos todas irmãs”, o sétimo Encontro Nacional das Mulheres Petroleiras da FUP teve o seu propósito alcançado: “tomar consciência de que o empoderamento já é real, agora é se apropriar dele”. O Coletivo Nacional de Mulheres Petroleiras da FUP reafirmou o quanto as mulheres são fortes e estão preparadas para resistir diante do difícil momento em que se vive.

Coordenação
Em reunião da Diretoria Colegiada do Sindipetro-NF, no último dia 8, foi aprovada mudança nas coordenações dos Departamento de Comunicação e de Cultura. No primeiro, assume o diretor Rafael Crespo, em lugar de Chico Zé, que passará para a Cultura. Os dois setores são estratégicos na disputa por corações e mentes para enfrentar esses tempos difíceis.