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EDITORIAL

Luiz Inácio avisou

Na semana em que a Petrobrás passou pelo papelão de ter que responder pelo fornecimento de gasolina de aviação adulterada, a fala do ex-presidente Lula no Confup simboliza a necessidade de que a companhia retome o rumo do compromisso social e do desenvolvimento do País. O sonho de Lula para a empresa é o sonho dos petroleiros.

Nenhum trabalhador, que seja imbuído de verdadeiros sentimentos patrióticos, pode negar que os governos Lula impulsionaram a companhia. Até mesmo os casos de corrupção, que de fato aconteceram e tiveram seus diretores responsáveis identificados, foram combatidos em razão do fortalecimento que o próprio governo fez do Ministério Público e da Polícia Federal, o que inclui a completa independência destas instâncias.

O alerta do ex-presidente, de que “nós estamos nos tornando uma republiqueta. Exportando óleo cru e importando derivados, de péssima qualidade como foi o caso da gasolina estragada de avião”, é algo constatado no dia a dia por todos os petroleiros e petroleiras, que são desafiados a ultrapassar os limites da companhia e mobilizar a população em defesa da soberania.

“Os petroleiros têm o dever de contar essa história para a sociedade brasileira. Os petroleiros não podem falar apenas com os petroleiros, têm que falar com o país. Não produzam boletins para petroleiros, produzam boletins para a sociedade. Para que todos saibam o que está acontecendo na maior empresa estratégica desse país”, disse Lula.

A história da Petrobrás é a história da luta do povo brasileiro pela construção de um Brasil grande, altivo. A empresa só foi criada e ainda existe, mesmo nesta conjuntura infame e sendo abocanhada por todos os lados por apetites entreguistas, porque a população entendeu em diversos momentos a mensagem de que somos capazes, de que podemos acreditar em nós mesmos, de que não precisamos abaixar a cabeça. Esse espírito precisa ser resgatado.

Quem sabe, assim, possa ser cumprida uma mistura de aviso e profecia feita pelo próprio Lula na sua fala na abertura do Confup: “Quem estiver comprando [a Petrobrás] se prepare, porque um dia o povo pode tentar tomar de volta”.

 

ESPAÇO ABERTO

A população negra na pandemia*

Carmen Foro**

A vulnerabilidade da população negra em meio à pandemia da Covid-19 é evidente, na medida em que reconhecemos que ela é a parcela do povo brasileiro que vive nas piores condições sociais. A pesquisa “Desigualdade Social por Cor ou Raça Brasil”, do IBGE, lançado em 2018, constatou que 75% dos mais pobres são de cor preta ou parda.

De acordo com dados de maio, do Ministério da Saúde, teve um aumento na porcentagem de pacientes mortos por Covid-19, “entre os pretos e pardos passou de 32,8% para 54,8% entre 10 de abril e 18 de maio, um período de quatro semanas”, divulgou o Portal G1.

O coronavírus ataca a todos, indistintamente, mas o acesso aos serviços de saúde e habitação digna é um desafio constante para negros e negras do nosso país. Ou seja, a pandemia escancarou as nossas desigualdades sociais e raciais na prevenção da doença. Como cobrar o isolamento social se a luta pela garantia de alimentação, por exemplo, é diária para a população preta?

Obviamente, toda a sociedade está sendo atingida por essa pandemia. Mas, basta observar que a população negra no mercado de trabalho, se insere em ocupações precárias, com menos estabilidade. E isso, também revela que essa população vive em casas com poucas condições de saneamento, de espaço e com muita gente, elevando o prejuízo à saúde, quando é necessário o distanciamento social ou confinamento, caso uma pessoa adoeça e isso fica extremamente difícil.

Em publicação recente da Folha de São Paulo, com os dados divulgados Pelo IBGE, em maio, no Pnad Covid, que foi criada com objetivo de identificar as consequências da pandemia, tanto no mercado de trabalho e como na saúde dos brasileiros, “a taxa de desemprego de pretos e pardos foi de 12%, contra 9% verificados entre os brancos”. E pontua ainda que “apenas 9% dos pretos e pardos tiveram a oportunidade de trabalhar em home office, enquanto 17,6% dos brasileiros de cor branca puderam aderir a essa iniciativa.”

* Trecho de artigo publicado originalmente no Portal da CUT, em is.gd/eanascente1148, sob o título “A população negra na pandemia do coronavírus”. ** Secretária-Geral da CUT.

 

GERAL

Gestão bloqueia e-mails do NF

A gestão bolsonarista da Petrobrás não é diferente em nada do governo que lhe serve de inspiração. Nem nos projetos fascistas de cerceamento do direito de comunicação e organização sindical. Nesta semana, o Sindipetro-NF obteve provas de que a companhia está bloqueando, pelo menos desde o mês de abril deste ano, os e-mails enviados pela entidade aos trabalhadores que se cadastraram para receber informes do sindicato utilizando endereço com @petrobras.

O sindicato vinha desconfiando da ausência de interações da categoria por meio deste canal de comunicação. Mas, como os e-mails não voltavam com acusação de algum problema de recebimento, a entidade não tinha certeza de que estavam sendo recebidos. Muitos trabalhadores, no entanto, confirmaram que não estavam recebendo as mensagens.

O NF solicitou à empresa que dá suporte ao site da entidade, e faz o envio das newsletters para os e-mails dos trabalhadores, que fizesse uma investigação sobre o que estava acontecendo. A empresa descobriu o bloqueio e enviou as provas para o sindicato.

“Enviamos um ofício para a Petrobrás e o nosso Jurídico está preparando a ação para garantirmos que todos aqueles que se cadastraram para receber os nossos informes tenham acesso de modo transparente e livre”, informa o coordenador do Departamento de Comunicação da entidade, Rafael Crespo.

A censura da empresa, além de ilegal, contraria documentos da própria companhia lançados no mês passado, como o Código de Conduta Ética e as Diretrizes de Direitos Humanos.

 

Confup 2020: Brasil virando “republiqueta”

Guilherme Weimann e Andreza de Oliveira / Do Sindipetro-SP

“Nós esta-mos nos tornando uma republiqueta. Exportando óleo cru e importando derivados, de péssima qualidade como foi o caso da gasolina estragada de avião”. Esta foi uma das afirmações feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio nesta quarta-feira (15), durante a mesa de abertura do 18º Congresso da Federação Única dos Petroleiros (Confup). Devido à pandemia do novo coronavírus, pela primeira vez na história o Confup está sendo realizado de forma totalmente digital.

Lula, logo no início da sua fala, resumiu seu sentimento pela estatal: “eu tenho orgulho da minha relação com a Petrobrás”. O ex-presidente também chamou atenção para o entendimento que promoveu sobre a companhia durante seus governos, nos quais a presença se estendeu dos poços de exploração aos postos de combustíveis. “Eu nunca tratei a Petrobrás como empresa de petróleo. Eu sempre tratei como uma indústria geradora de desenvolvimento, como carro chefe em pesquisa, inovação e produção de novas tecnologias”, pontuou.

Nesse sentido, o ex-presidente apontou a sua prisão e o golpe sofrido pela ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016, como partes de uma estratégia para retirar o pré-sal do controle do Estado brasileiro.

No ano seguinte ao golpe, em 2017, a Petrobrás diminuiu a produção de derivados e as importações dispararam. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), houve um crescimento nas importações de gasolina e diesel de 53% e 63%, respectivamente. Por outro lado, o fator de utilização das refinarias da Petrobrás foi de apenas 72,5% – com capacidade de 2,4 milhões de barris por dia de petróleo, produziram somente 1,74 milhões. Essa tendência se mantém no governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Diante deste cenário, Lula acredita que a categoria petroleira precisa fazer um esforço para estender a luta contra a privatização da Petrobrás a toda população brasileira. “Os petroleiros têm o dever de contar essa história para a sociedade brasileira. Os petroleiros não podem falar apenas com os petroleiros, têm que falar com o país. Não produzam boletins para petroleiros, produzam boletins para a sociedade. Para que todos saibam o que está acontecendo na maior empresa estratégica desse país”, opinou.

O que precisa ser comunicado, de acordo com o ex-presidente, é a privatização da maior empresa nacional. “Defender a Petrobrás é uma coisa de 210 milhões de brasileiros. Temos de gritar todos os dias: o Brasil não está à venda, o Brasil não é mais colônia”, avaliou.

 

Zé passa o bastão na FUP para Deyvid

Das Imprensas da FUP e do NF

Os petroleiros e petroleiras que participam do 18º elegeram, na manhã da última quarta-feira, a diretoria e o Conselho Fiscal da FUP para o mandato 2020-2023, através de uma chapa única, com representações de todas as forças políticas que integram a Federação. Deyvid Bacelar, diretor do Sindipetro-BA, que havia assumido interinamente a coordenação geral da FUP, em função do licenciamento de José Maria Rangel, permanecerá no cargo, liderando as lutas da categoria petroleira. Ele ressaltou a importância da pluralidade da nova gestão para fazer frente aos ataques que os trabalhadores vêm sofrendo desde o golpe de 2016 e que foram agravados pelo atual governo de extrema direita.

Muito emocionado, Zé Maria, que durante seis anos ficou à frente da coordenação geral da FUP, fez uma saudação aos congressistas, destacando a importância da entidade na luta pela recuperação do país. “A FUP sempre esteve do lado certo da história, ao lado dos lutadores e lutadoras que buscam um país melhor onde todos e todas tenham vez e voz. Tenho certeza que a Federação continuará à frente dessas grandes lutas”, declarou.

 

Nota do NF: Mandato sindical

Devido às normas de isolamento social que foram adotadas nos municípios de Campos e Macaé, onde a entidade sindical possui suas sedes e, com a proximidade do fim do mandato da atual direção e a necessidade de manutenção do funcionamento da entidade, a Diretoria Colegiada do Sindipetro-NF, após sugestão realizada pela Junta Eleitoral responsável pelo processo eleitoral em curso, decidiu, com base no artigo 28 do Estatuto da entidade, prorrogar o mandato dos diretores e conselheiros atuais até 30 dias após o término de vigência do último decreto que determina as práticas de isolamento em Campos e Macaé.

Macaé, 16 de Julho de 2020
Diretoria Colegiada do Sindipetro-NF

 

Entrega com requinte cruel

A gestão bolsonarista da Petrobrás continua a aproveitar a pandemia para “passar a boiada”, como é da lógica deste governo. Ontem, a companhia anunciou a conclusão da entrega de quatro plataformas da Bacia de Campos: PPM-1, P-08, PCE e P-65. Elas fazem parte do pacote de dez campos à venda pela empresa, que abrangem os Polos Pampo e Enchova. Os novos donos de 100% um negócio que poderia dar lucro para o país por muitos anos é a Trident Energy do Brasil, subsidiária da multinacional Trident Energy L.P.

Gestores da Petrobrás comemoraram a entrega em posts nas redes sociais, com o requinte de crueldade de divulgar foto com chave simbólica da plataforma P-65 passada às mãos dos novos proprietários. Vídeo divulgado pelos trabalhadores mostra o último voo de petroleiros da companhia, deixando a P-08, sendo submetidos ao escárnio de uma mensagem de “agradecimento” da gestão pelos serviços prestados na unidade.

“Otimização”

Os neoliberais que estão desmontando a Petrobrás chamam a venda de “otimização de portfólio”, para “melhoria de alocação do capital da companhia, passando a concentrar cada vez mais os seus recursos em águas profundas e ultra-profundas”. De acordo com a Petrobrás, a produção total de óleo e gás desses campos, de abril a junho de 2020, foi de cerca de 22 mil barris de óleo equivalente por dia, através das quatro plataformas que agora se tornam privadas.

 

 

CURTAS

Acusações graves

A diretoria do NF tomou conhecimento de uma série e denúncias realizadas por um de seus filiados e propagadas em diversas mídias sociais. Diretores da entidade são acusados de uso indevido da máquina sindical — o que foi verificado e refutado pelo Conselho Fiscal, que também havia aprovado as contas da entidade. O teor das denúncias, sem provas, é gravíssimo. Medidas legais serão tomadas contra a propagação das acusações improcedentes.

Gerentice

A Petrobrás minimizou os transtornos sanitários vividos pelos petroleiros da P-54 na semana passada. De acordo com a empresa, houve “perda do vácuo em alguns sanitários do casario (módulo N2), devido ao uso inadequado. Alguns pontos do módulo N2, e a totalidade de sanitários do módulo de casario N3, permaneceram disponíveis”. Além de demorar para resolver, a empresa ainda colocou a culpa nos trabalhadores. Típico.

Perícia no Farol

Em razão de ação coletiva movida pelo Sindipetro-NF, foi realizada ontem, no Heliporto do Farol, uma perícia judicial em máscaras de prevenção à covid-19 distribuídas pela Petrobrás. O coordenador geral do sindicato, Tezeu Bezerra; o coordenador do Departamento Jurídico da entidade, Alessandro Trindade, e o médico do Trabalho, Ricardo Garcia, acompanharam a perícia. A ação do NF busca a adequação das máscaras fornecidas pela empresa.

Sem veneno

Macaé passou a contar, nesta semana, com fornecimento das Cestas da Reforma Agrária da Terra Crioula, projeto do MST que comercializa produtos agroecológicos, sem agrotóxicos. Na cidade, o fornecimento é do assentamento PSD Osvaldo de Oliveira e do acampamento Edson Nogueira. Os primeiros pedidos, que puderam ser feitos até o último dia 14, serão entregues hoje. Mais informações pelo celular (22) 988315760.

 

 

NORMANDO

Genocídio

Normando Rodrigues*

A imposição de condições que levam grupos humanos à morte é uma das definições de genocídio.

É o que ocorre, neste momento, com a população pobre, e preferencialmente negra, das periferias e comunidades das grandes cidades do Brasil. Os mais expostos à contaminação pelo coronavírus, os que mais morrem, e os menos protegidos.

Eis que um ministro do STF define a situação como “genocídio”, e aponta o dedo para a concreta participação dos militares.

Ministério de Carreira

Organizações de rígida hierarquia, e pouca transparência, são tão avessas à crítica quanto propensas à corrupção. Os militares ao redor de Bolsonaro preferiram reagir corporativamente, a admitir o óbvio.

O óbvio é que os generais conseguiram em abril um parecer da Advocacia Geral da União, a favor de somar seus vencimentos à remuneração dos cargos que ocupam, e com isso ganhar mais do que o teto constitucional de 39 mil reais.

O óbvio é que o general de carreira que ocupa o Ministério da Saúde – MdS – entende menos do assunto do que qualquer enfermeiro que esteja na linha de frente da “guerra da nossa geração”, como a definiu o comandante do Exército.

Mais obviedades

O óbvio é que o MdS, até 27 de maio, executou apenas 6,8% do orçamento destinado ao combate à pandemia, omissão que é alvo de um inquérito movido pelo Ministério Público Federal.

O óbvio é que o Brasil é o país que menos testa sua população para rastreamento do contágio do coronavírus, dentre as nações mais afetadas. E isto mesmo contabilizando os discutíveis testes rápidos.

O óbvio é que assim que assumiu o MdS, o general Pazuello se dedicou a esconder números, retirando das estatísticas casos de contaminação comprovada após a morte.

E mais

O óbvio é que o MdS pratica a manipulação dos dados relativos a etnia, nos formulários de notificação obrigatória da Covid-19, e assim oculta a maior vitimação da população negra.

O óbvio é que o MdS também manipula os dados de modo a omitir dos mesmos formulários os CEPs, obscurecendo a “seleção natural” que elimina preferencialmente os mais pobres.

O óbvio é que o MdS não promoveu uma única campanha de conscientização da população, quanto às medidas necessárias para o combate ao coronavírus.

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Cada obviedade acima foi manchete de diversas matérias, na imprensa ainda livre.

A conclusão é também muito óbvia. Há um genocídio em curso, sim!

E o presidente que pretendia 30 mil mortes se mostra muito feliz, em fotos e vídeos, com as atuais 75 mil.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.
[email protected]

 

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