Nascente 1175

Editorial

Se estava ruim, vai ficar pior

No dia 1 de fevereiro assistimos a eleição para a presidência da Câmara e do Senado Federal. O deputado federal Arthur Lira (PP-AL) foi eleito presidente da Câmara, com 302 votos, em primeiro turno. Nos bastidores falam da compra de votos pelo presidente Jair Bolsonaro com a liberação de bilhões do orçamento – repasse de pelo menos uns R$ 20 bilhões de emendas extra-orçamentárias – e promessas de cargos para os partidos. O dinheiro falou mais alto como sempre!
Uma vergonha um governo dizer que não tem verba para comprar oxigênio ou vacina para salvar vidas mas tem para comprar os deputados e senadores do Centrão.
Agora as esperanças que tínhamos de ter alguma resistência no legislativo aos projetos de Bolsonaro de destruição do país, vão por água abaixo! A privatização da Petrobrás que já estava em curso, por baixo dos panos, agora terá o aval dos deputados e senadores para aprovação.
O impeachment então, sequer será colocado em pauta, com a Câmara presidida por um deputado tutelado pelo Planalto! Isso sem falar na perseguição que pode vir às oposições e aos movimentos sociais no Congresso Nacional. Além da aprovação de pautas reacionárias sobre “costumes”.
Ou seja, o que estava ruim para 40% da população brasileira vai ficar muito pior. Não queremos ser pessimistas, mas o quadro é desolador, principalmente com essa pandemia. Como disse o próprio Rodrigo Maia, Bolsonaro vai transformar o Parlamento num anexo do Palácio do Planalto.
E qual a solução que o povo tem para que o Brasil não acabe como terra arrasada, quando o governo Bolsonaro findar?
Partidos políticos, movimentos sindical e sociais, frentes Brasil Popular e Povo sem Medo têm organizado carreatas, atos e panelaços em todo o país para exigir o impeachment de Bolsonaro. Isso não pode parar. Temos que fazer a aprovação popular de Bolsonaro despencar e mostrar o péssimo governo que ele está fazendo, principalmente para os mais pobres.
Para nós, o caminho é a resistência, denúncia e a pressão nas ruas. Não há outra saída!

 

Espaço Aberto

O Brasil em primeiro lugar

Eugênio Miguel Mancini Scheleder**

…A partir de 2016 o governo obrigou a Petrobras a praticar uma política de alinhamento dos preços internos dos combustíveis com o câmbio e com os preços internacionais. Essa política de paridade internacional faz com que os consumidores brasileiros paguem muito mais caro pelos combustíveis produzidos no País, em especial a gasolina, o diesel e o gás de cozinha. Preços internos mais altos favorecem a importação de produtos já refinados, com maior valor agregado, e elevam o nível de exportação do petróleo produzido no Brasil . O “trade-off” dessa operação é prejudicial ao País, pois, aumenta o gasto com divisas e afeta, negativamente, o saldo da nossa balança comercial. Prejudica, também, a Petrobras, uma vez que a importação de volumes crescentes de derivados resulta em perda de “market-share”, ociosidade do parque de refino e redução dos resultados da companhia.
A política de paridade internacional atende unicamente aos interesses do ente abstrato que costumamos chamar de Mercado. Internacionalizado e apátrida, o Mercado se preocupa unicamente com lucros e prejuízos e não tem qualquer compromisso com o nosso desenvolvimento. Elevar os preços internos dos combustíveis agrada o Mercado porque viabiliza a importação de derivados por outros agentes, a maioria estrangeiros, reduz a participação da Petrobras no abastecimento nacional, estimula a venda de ativos de refino e de logística da estatal e abre oportunidades para que outras empresas, também estrangeiras, atuem no setor de óleo e gás brasileiro. Como os principais grupos empresariais nacionais foram impedidos de transacionar com a Petrobras, a partir dos processos movidos pela operação Lava Jato, o resultado final dessa política será a desnacionalização da indústria de petróleo brasileira. Processo análogo já ocorre no setor elétrico, onde, nos últimos quatro anos, 95% do capital comprador de ativos foi de origem estrangeira.

*Engenheiro que trabalhou na Petrobras. Parte de Artigo editado e publicado originalmente e na íntegra em https://www.brasildefato.com.br/2021/01/29/artigo-o-brasil-em-primeiro-lugar

Capa

Petros engana aposentados e pensionistas e sequestra 30% dos salários

Fundação aplica descontos enormes nos benefícios recebidos, joga a culpa no ACT e causa insegurança e a pressão nas pessoas. FUP e sindicatos afirmam que Petros errou

Angústia é a sensação que tem tomado conta dos aposentados e pensionistas do Norte Fluminese ao verificar os enormes descontos que virão no adiantamento do salário benefício que será pago no dia 10 de fevreiro. O Sindipetro-NF tem sido muito procurado diante da redução dos valores recebidos, alguns quase com os contracheques zerados.
Para tentar entender o motivo dos descontos, as pessoas ligavam para o 0800 da Petros que respondia com uma nota informando que isso estava acontecendo porque o Acordo Coletivo aumentou a margem consignável para 30% de desconto da AMS. Essa resposta não é verdadeira! Aumentar a margem para 30% não quer dizer que a pessoa deve ser descontada em 30%. O desconto deve ser de acordo com o que a pessoa gasta na AMS. Se gastar 5% é esse percentual que será descontado, isso vai variar até o máximo de 30%.
Segundo o diretor do NF e membro da Comissão da AMS, Rafael Crespo, “o que a Petros fez, para calcular o adiantamento foi abater 30%, independente do beneficiário usar ou não usar, dever ou não dever à AMS e isso está errado”. Diante dos fatos, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) solicitou em caráter de urgência, uma reunião com o presidente da Petros para poder regularizar essa situação, que está deixando muitos aposentados e pensionistas preocupados porque já tem vários descontos. No fechamento dessa edição fomos informados que essa reunião foi agendada para sexta, 5 de fevereiro.
Os erros não param por aí! A Petrobras soltou um extrato errado da AMS para o mês de fevereiro que deixou todo mundo aflito, com valores estratosféricos entre R$10 mil e R$14 mil. Após cobranças da FUP e dos sindicatos a empresa retirou o extrato do ar, porque reconheceu a falha e está corrigindo esses descontos.

Benefício Farmácia

Na última reunião ocorrida no dia 27, a Petrobrás se comprometeu a rodar uma nova folha corrigida. O movimento sindical está cobrando que a Petrobras cumpra o que foi acordado e devolva 60% do valor que foi descontado em janeiro de Benefício Farmácia agora do dia 10 de fevereiro e não cobre o saldo devedor agora.
Uma nova reunião está agendada com a gerência da AMS da Petrobrás para o dia 08/02, às 9h, quando a FUP irá cobrar o parcelamento do saldo devedor da AMS. É importante a categoria se manter atenta e unida.

 

Solidadriedade

Ação do Gás

Em apoio à greve dos caminhoneiros, no dia 1 de fevereiro, o Sindipetro-NF e Sindipetro Caxias fizeram uma ação conjunta e distribuíram 200 botijoes de gás, subsidiado a R$35,00 no Jardim São Bento em Padre Miguel. As famílias selecionadas foram as que já estão cadastradas na cesta básica, que é distribuída na campanha Petroleiro Solidário.
Antes da distribuição dos botijões adesivados com a campanha, os dirigentes sindicais pintaram o chão para fazer um distanciamento de 1,5m e distribuíram máscaras contra o Covid-19. Também explicaram à população sobre a situação da pandemia no Brasil, a importância da Petrobrás se manter estatal, a venda da Liquigas e a política de preços adotada pela empresa e o governo Bolsonaro. Ação foi coordenada pelo diretor do NF, Alessandro Trindade.

 

Insegurança

Denuncie o Desvio de Função

A Petrobrás está desviando de função trabalhadores a bordo ao obrigar que adotem um Relatório Técnico de Inspeção (RTI). Na prática, os trabalhadores são “convidados” a fazer tratamento manual e pintura de estruturas equipamentos a nas unidades. Segundo relato dos trabalhadores a empresa vêm insistindo com isso, há algum tempo, só que agora aumentou a pressaõ em cima da categoria.
O RTI é uma obrigação dos Inspetores de Equipamento, cada plataforma tinha sempre um profissional embarcado, mas depois que essa gestão decidiu tirar os profissionais a bordo, começou a querer fazer o desvio de função.
Diante das denúncias o Sindipetro-NF solicita que a categoria envie evidências que a gestão está promovendo os desvios de função ou ameaçando os trabalhadores para o e-mail [email protected].

 

Vitória

Ex-conselheiros da Petrobrás são absolvidos de forma unânime pela CVM

Oito ex-conselheiros da Petrobrás foram absolvidos, de forma unânime, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta terça-feira, 02, entre eles o ex-coordenador do NF, José Maria Ferreira Rangel. Todos estavam envolvidos em um processo administrativo sancionador que discutiu a condução da política de preços da estatal no governo Dilma Rousseff. O grupo foi acusado de induzir investidores a erro, ao anunciar certas metas de endividamento, mas adotar uma política de preços de combustíveis que tornava seu cumprimento improvável.
O desfecho do caso foi adiado por pouco mais de dois anos. O colegiado só concluiu nesta terça, o julgamento iniciado em 13 de dezembro de 2018, mas suspenso após um pedido de vista do então diretor da CVM, Henrique Machado.
De acordo com o advogado, Carlos Eduardo Pimenta, do escritório Normando Rodrigues, o voto que determinou a decisão baseado na tese apresentado pelo escritório que cuidava da defesa do José Maria Ferreira Rangel, então representante dos empregados no conselho da petroleira.
A política de preços que a Petrobrás adotou tinha como objetivo atingir os limites financeiros do plano de negócios e não repassar para o consumidor a volatilidade dos preços. Então, esse quadro abre espaço para atuação dos conselheiros. Porque se a própria Petrobrás reconheceu que ela tinha metas financeiras, mas ela não queria repassar isso para o consumidor, ela abre uma contradição na própria conduta e abre espaço para que os conselheiros optarem em atingir os limites ou não repassar a volatilidade para os consumidores. E a escolha foi por uma regularização mais favorável ao consumidor, observando também a função social da Petrobrás”, explicou o advogado.
Foram absolvidos pelo colegiado os ex-ministros Guido Mantega (Fazenda), Miriam Belchior (Planejamento) e Marcio Zimmermann (Minas e Energia), além de Sérgio Franklin Quintella, o empresário Jorge Gerdau, o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, Francisco de Albuquerque e José Maria Ferreira Rangel, então representante dos empregados no conselho da petroleira

 

Movimento

GREVE DE 2020 COMPLETA UM ANO

Em fevereiro do ano passado, os petroleiros e petroleiras mostraram mais uma vez a força da categoria. Foram 20 dias da greve, considerada uma das maiores da história, com o intuito de cobrar os direitos da classe.
“A greve de 2020 mostrou uma grande capacidade de mobilização. Foram 20 dias de demonstração de força e resistência em todo o Brasil” – comenta o diretor do Sindipetro-NF, Gustavo Morete.
No Norte Fluminense, a greve se manteve, até o indicativo de suspensão provisória ser aprovado, com adesão histórica. Foram 36 plataformas mobilizadas, de 39. Bases de terra movimentadas com concentrações e cortes de rendição em Cabiúnas.
Tudo isso é evidência de que o movimento sindical petroleiro está vivo, mesmo neste tempo sombrio do país, e mostra-se como frente capaz de resistir ao assalto em curso ao patrimônio nacional, aos empregos e aos direitos.
Com a greve, a categoria conseguiu suspender as demissões na Fafen-PR, revertendo também as que já haviam sido aplicadas contra 144 trabalhadores. Além disso, o movimento forçou a gestão da Petrobrás a negociar com a Comissão da FUP que acampou no Edise.
Para a diretora do NF, Bárbara Bezerra, “a greve dos petroleiros de 2020 foi tão importante e marcante que pareceu até um presságio: questionou o não cumprimento do ACT, os perigos da privatização iminente e marcou a véspera de uma pandemia nunca vista por nossa geração. Nos dias sombrios atuais, onde assistimos com tristeza a ineficiência do governo em combater os danos virais, vemos a eficiência do fascismo: as privatizações vão de vento em popa!”

Normando

ELO PERDIDO

 

O domínio da imbecilidade fascista sobre a sociedade brasileira exige alguma reflexão sobre “conhecimento” e “inteligência”.
Conhecimento e inteligência são predicados que nem sempre andam de mãos dadas. Imagine o conhecimento como uma série de arquivos que você “baixa” para seu disco-rígido. Cada arquivo traz uma interpretação da realidade, sob determinado aspecto.
Um erro comum no senso geral é achar que os possuidores de muitos “arquivos” em seus discos rígidos sejam mais inteligentes do que outros com menos “arquivos”. Acontece que o mero acúmulo de conhecimento não gera “inteligência”.
CONEXÕES

 

A própria vida ensina. Conheci um professor-doutor fluente em 8 idiomas, e completo idiota no manuseio de qualquer tema que se afastasse um milímetro de sua área de conhecimento. E uma senhora humilde que nunca fora à escola, mas que era inteligentíssima.
A inteligência, no exemplo dos “arquivos”, atua de duas formas. A habilidade para se apropriar do conhecimento – selecionar e “baixar” o arquivo – é uma. Mas a mais determinante ação definidora da inteligência é outra.
A Inteligência se revela na capacidade de usar os “arquivos”, combinar uns com os outros, e produzir novos arquivos “de dentro”. Claro, potencialmente quanto mais arquivos, maiores as possibilidades de novas conexões. Infinita diversidade, infinitas combinações, ao contrário do que pensam os “monólitos-binários” fascistas. Mas as combinações não ocorrem por si.

EMBURRECIMENTO

 

A sociedade brasileira se tornou fascista sobretudo porque antes emburreceu. Não consegue articular “lé-com-cré”.
O agronegócio diminuiu a exportação de soja em 96%, no mês de janeiro de 21, por falta de chuvas. Mas ninguém associa a falta de chuvas ao desmatamento.
Macron denuncia o Brasil pela soja, e Bolsonaro e o “Estadão” respondem que “não há soja na Amazônia”. Mas ninguém associa o caso a matérias do próprio “Estadão” que mostram a soja em RR, AM, PA e MT.

GENOCÍDIO

Para cúmulo, votaram em alguém que pensa, fala, e age como Hitler, sem associar Hitler a genocídio. Resultado?
228 mil mortos, e contando!

Curtas

Cipa
O Sindipetro-NF reforça a importância da inscrição e participação dos trabalhadores nas Cipas das plataformas. A NR-37, que foi construída com a participação de diretores do Sindipetro-NF, aumentou o número de cipistas por unidade. Agora são duas pessoas por grupo, chegando a 10 cipistas, o que aumenta a fiscalização por parte da categoria e reduz o problema de falta de cipista a bordo durante a pandemia, por conta da contaminação. Participe, a Cipa é um instrumento de segurança!

Kombi
O Sindipetro-NF apoia a campanha iniciada por trabalhadores e trabalhadoras da Petrobras com o objetivo de arrecadar recursos para melhorar a Kombi do companheiro Juliano. Ele vende alimentos e bebidas há mais de 20 anos, no heliporto do Farol.
As doações podem ser realizadas na Conta CEF – ag. 0068 variação 013, cp 35080-2, em nome de Eliseu Silva Cunha, CPF 77633393572 ou Pix que é o mesmo número de CPF.

P-78 e P79
A Petrobras recebeu na segunda-feira, 01, as propostas comerciais das empresas pré-qualificadas para a licitação de construção dos FPSOs P-78 e P-79, que vão operar no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos. A previsão é de que as propostas finais para construção das duas unidades sejam aprovadas no primeiro semestre de 2021.
O início da operação das plataformas está previsto para 2025.

Petros
Vem aí nova eleição para representante dos trabalhadores no Conselho Deliberativo da Petros. O Sindipetro-NF vai indicar um representante para a Comissão Eleitoral que vai definir todo o processo eleitoral. Lembramos que é de extrema importância termos representantes da categoria no Conselho, para defender os interesses dos participantes.

 

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