Nascente 1218

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no whatsapp

[VERSÃO COMPLETA EM PDF DISPONÍVEL NO FINAL DA PÁGINA]

 

A SEMANA

Editorial

Ações que dão gás ao sindicalismo

Popularmente se diz que quem ajuda ao próximo ajuda a si mesmo. Se a solidariedade era uma constante no movimento sindical, na pandemia se tornou uma prática ainda mais frequente e um aprendizado ainda mais rico. Ações como a do gás, que o NF volta a realizar hoje, em Campos dos Goytacazes, representam um alívio no bolso para centenas de famílias (somando todas as ações, FUP, NF e Caxias já ultrapassaram 5 mil botijões disponibilizados a preço justo de R$ 50,00). Mas o ganho também é para a categoria petroleira, que se aproxima da realidade da maioria da população e qualifica enquanto humaniza as suas lideranças, mostrando que todos somos trabalhadores e trabalhadoras.

O Brasil é tão desigual, que levou décadas, no final do século XX, para admitir que havia miséria e fome. Essas chagas eram naturalizadas, parte da paisagem. Pesquisas como o Mapa da Fome, campanhas como as do Betinho e políticas públicas como o Fome Zero é que tornaram explícito o que a sociedade fingia não ver. E reconhecer um problema como tal é o primeiro passo para buscar resolvê-lo. Foi o que aconteceu nos governos Lula, quando o combate à fome foi tratado como prioridade máxima.

Tantos anos depois, uma brutal regressão se verifica, tanto em indicadores sociais e econômicos quanto na percepção de uma parcela gigantesca da sociedade, contaminada pela banalização da morte (e consequentemente, das mazelas sociais que a provocam, como a miséria, mas também a Covid-19, a facilitação do acesso às armas, a destruição de políticas de assistência social, a destruição do meio ambiente). Por isso é tão importante estar nas ruas, olhar nos olhos das pessoas, e não deixar que morra a solidariedade.

Espaço Aberto

Quem é problema para quem?*

Rosangela Buzanelli**

Neste domingo (05/12), em mais uma de suas declarações inconsequentes, Bolsonaro disse ao site Poder360 que a Petrobrás vai começar a reduzir o preço do combustível nesta semana. A afirmação fez com que a companhia divulgasse logo na manhã seguinte um fato relevante. Sem citar nominalmente o presidente, a estatal informou que não antecipa decisões sobre reajuste nos valores dos combustíveis e negou que haja uma decisão tomada que ainda não tenha sido anunciada ao mercado.

Não é a primeira vez que Bolsonaro coloca a Petrobrás em maus lençóis com suas declarações e a empresa se vê obrigada a emitir um comunicado oficial. Há cerca de um mês, por exemplo, ao comentar sobre a greve dos caminhoneiros, ele disse que soube “extraoficialmente” que a Petrobrás iria reajustar os combustíveis dentro de 20 dias. A Petrobrás, rapidamente, teve que divulgar um comunicado esclarecendo o mercado e rebatendo a fala do presidente.

Poucos dias depois, ele disse que a Petrobrás é um problema e a chamou de “monstrengo”, admitindo estudos para privatizá-la. A estatal, mais uma vez, divulgou em seguida uma nota ao mercado comunicando que o governo não tem estudos nesse sentido.

Toda vez que Bolsonaro abre a boca, e o faz planejadamente para distrair a atenção do país – seu principal e exclusivo papel no governo -, cria constrangimentos e, no caso da petroleira, um grande problema para a companhia.

*Trechos de artigo publicado no blog da autora”, disponível em is.gd/eanascente1218. **Representante dos trabalha-dores no CA da Petrobrás.

Petros

A Petros iniciou um recadastra-mento dos participantes mas, após muitas reclamações, precisou suspender. De acordo com o representante dos trabalhadores no Conselho Deliberativo da Fundação, Norton Almeida, houve relatos de inconformidades, quedas no sistema, travamentos, entre outros problemas. O conselheiro solicitou a verificação e a Petros decidiu pela suspensão, que será seguida de envio de novas orientações para que os participantes façam a atualização.

BB e Caixa

A categoria bancária subiu a #ProcuramosNoBBeNaCaixa contra o desmonte do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal promovido pelo governo Bolsonaro. A direção do BB anunciou o fechamento de mais 360 unidades e o desligamento de pelo menos sete mil trabalhadores. A Caixa quer privatizar as lotéricas e abrir o capital da empresa. Estas reestruturações fazem parte do projeto privatista de Guedes.

Transporte

O Sindipetro-NF continua a ouvir os petroleiros e petroleiras sobre problemas no atendimento do direito ao transporte fornecido pela Petrobrás. O tema tem sido tratado de forma mais próxima a partir da realidade enfrentada pela categoria em Cabiúnas, mas também atinge a outras bases de terra em Macaé. O formulário online para envio dos relatos está disponível pelo link is.gd/transporte1216.

Expro e Halliburton

Assembleias recentes na Expro (dia 02) e na Halliburton (em votação online no último final de semana) rejeitaram propostas de acordo coletivo formuladas pelas empresas. Sobre a Expro, o NF quer nova reunião para negociar uma contraproposta. Na Halliburton, também foi aprovado Estado de Assembleia Permanente, mantendo a pressão por avanços nas negociações — entre as propostas rejeitadas está a mudança de data-base sem reposição da inflação acumulada.

 

VOCÊ TEM QUE SABER

Indicativo de Estado de Greve: Diretoria do NF vai definir próximos passos

O Sindipetro-NF vai deliberar em reunião da diretoria nesta sexta, 10, os encaminhamentos a serem dados em relação ao indicativo do Conselho Deliberativo da FUP, que se reuniu no último dia 30, sobre as mobilizações para enfrentar as crescentes ameaças do governo Bolsonaro de privatizar a Petrobrás. A Federação orienta que seus sindicatos filiados realizem assembleias até o próximo dia 19 para aprovarem “Mobilizações e Estado de Greve Nacional da Categoria Petroleira alertando o Governo Federal a fim de que não encaminhe Projeto de Lei para privatização da Petrobrás ao Congresso Nacional”.

De acordo com as realidades locais, e respeitando as autonomias de cada sindicato, também poderá ser submetida nas assembleias a aprovação de uma contribuição assistencial para ser recolhida em 2022 para fazer frente às campanhas contra a privatização da companhia.

Além das mobilizações nas bases, a FUP vai liderar ainda a ampliação da atuação da Brigada Petroleira em Brasília, Estados e Municípios. “A Brigada tem como objetivo apresentar o conjunto de propostas da categoria, dialogando e articulando com diversos atores sociais e políticos para avançar na construção de um Brasil soberano. No momento, uma das principais reivindicações da brigada em Brasília é que o Supremo Tribunal Federal julgue as ações de inconstitucionalidade das privatizações que foram feitas sem o aval do Poder Legislativo”, informou a FUP.

Também como parte das mobilizações, foi realizado, na última sexta, 03, um grande Ato Nacional contra a Privatização do Sistema Petrobrás, contra a Privatização da Rlam/Temadre, os terminais terrestres e ativos da Petrobrás em toda a Bahia.

O ato aconteceu em frente à Refinaria Landulpho Alves (Rlam), segunda maior do país, que foi vendida ao fundo de investimento árabe Mubadala por US$ 1,65 bilhão, a metade do preço que a própria Petrobrás havia definido como referência. O Sindipetro-NF foi representado pelo coordenador geral da entidade, Tezeu Bezerra, e pelo diretor Benes Oliveira Júnior.

O coordenador do NF pontuou que o desmonte da Petrobrás, que inclui a entrega da refinarias pela metade do preço, configura a verdadeira corrupção do governo Bolsonaro, extremamente lesiva para toda a sociedade, embora muitas vezes a população não consiga perceber. “Essa é a corrupção, essa é a mamata”, protestou Tezeu.

 

PNA-2: Deck sofre deformação quando deveria suportar

Acidente sem vítimas envolvendo uma baleeira, na última sexta, 03, em PNA-2, acendeu o alerta sobre as condições estruturais das plataformas da Bacia de Campos. Durante um teste, a parte do deck que sustenta a embarcação de emergência sofreu uma deformação.

“Durante execução de teste quinquenal da baleeira 2, ocorreu a deformação da estrutura da varanda no entorno do turco que se inclinou a 45 graus, sem que houvesse queda de materiais ou pessoas no mar. A baleeira encontra-se em lamina d’água, flutuando, com os gatos presos, sem tripulantes, com 70 bombonas com água em seu interior, cada uma contendo 60 litros. Não houve danos à pessoas”, informou a Petrobrás.

Para o coordenador do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira, que vai representar a entidade na comissão de investigação, o caso é muito sério. “A baleeira só não levou o deck embora porque tocou a água. Então ela parou de puxar o deck para baixo. E isso é muito grave, porque esse deck é planejado para aguentar muito mais do que isso”, destaca.

O diretor reforça ainda que a estrutura é feita para suportar operações até mesmo em dias de tempo ruim, o que não era o caso na manhã da última sexta-feira. Para ele, “a estrutura estava com algum comprometimento, o que coloca em xeque toda a inspeção estrutural da unidade e isso pode se refletir até mesmo em outras plataformas”.

“A estrutura cedeu em um dia de tempo bom e ela é pensada para um dia de tempo ruim, com muito mais força de vento agindo sobre essa estrutura. Então é algo bem sério. Vamos acompanhar de perto e pedimos também aos trabalhadores que enviem informações para o sindicato”, explica.

O acidente, que foi considerado pela Petrobrás um “Incidente de alto potencial”, aconteceu às 10h30. Em seguida, a área foi isolada e solicitada embarcação de apoio para avaliação. A baleeira foi resgatada durante o final de semana.

Envie relatos

O sindicato solicita aos petroleiros e petroleiras que tiverem mais informações que as envie para [email protected]. A entidade garante o sigilo sobre a identidade dos autores ou autoras dos relatos.

Projeto prevê estabilidade para preços

Da Imprensa da FUP

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou, nesta terça, 07, o Projeto de Lei 1472/ 2021, de autoria do senador Rogério Carvalho (PT-SE), e relatado pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN). O texto, que conta com contribuições da FUP e do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), cria diretrizes e referências para a política de preços de derivados, levando em consideração não apenas os preços internacionais, mas também os custos internos de produção, de modo a melhor refletir a realidade local.

“O projeto muda a política de preços da Petrobrás para venda de gasolina, diesel e gás de cozinha, com o objetivo de reduzir a volatilidade dos preços”, explica o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, chamando atenção para a luta que os trabalhadores e a sociedade têm agora pela frente, de pressionar os senadores para que o projeto seja aprovado no Plenário.

Também na terça-feira, os coordenadores técnicos do Ineep, Rodrigo Leão e William Nozak, realizam um webinário para explicar o que propõe o projeto e outras alternativas parlamentares que estão sendo discutidas no Congresso Nacional para reduzir os preços dos combustíveis. O debate continua disponível no canal do Ineep no Youtube e também no Facebook da FUP.

Estabilização dos preços

Relator do PL 1472/21, o senador Jean Paul explica que o projeto cria um programa de estabilização do preço do petróleo e de derivados no Brasil, através de um sistema de bandas como ferramenta de Estabilização, custeado pela criação de Imposto de Exportação sobre o petróleo bruto. “Estamos trabalhando com um tripé: estabelecimento de uma política de preços; criação de um mecanismo de bandas; e apresentação de fontes de recursos suplementares extraordinariamente para assegurar o cumprimento do plano de estabilização”, explicou o senador à Agência PT de notícias.

SAIDEIRA

Zé Maria em forum estratégico para debater energia do Brasil

A defesa da soberania nacional é indispensável para que o país possa se recuperar dos ataques do atual Governo. Por isso, o Sindipetro-NF e seus representantes seguem na luta em defesa da Petrobrás ocupando espaços, debatendo política e se esforçando para fazer a diferença.

Na noite desta terça, 08, o diretor do Sindipetro-NF, José Maria Rangel, foi eleito como coordenador nacional do Setorial de Energia e Recursos Minerais do PT (Partido dos Trabalhadores). O evento aconteceu em formato virtual e debateu a o tema “energia com democracia e soberania para reconstruir o Brasil”.

Para Zé Maria, a nomeação é um passo importante para garantir a presença dos trabalhadores em debates sobre o setor. “Para mim, pensar soluções para o setor de energia é pensar na coletividade. Hoje, ocupamos mais um espaço no partido para lutar pelo povo”, frisou.

Antes da nomeação, o coordena-dor geral do Sindipetro-NF acompanhado dos diretores José Maria e Alessandro Trindade estiveram com o ex- diretor da Petrobrás, Guilherme Estrela, para relembrar o tempo bom da Petrobrás e renovar a esperança de que é possível reconstruir a empresa.
“Foi uma tarde fantástica. O que eu levo dessa conversa é a esperança e a vontade de mudar os rumo da Petrobrás, fazer ela voltar a ser o que ela tem que ser: Uma empresa que gera empregos, diminui a desigualdade social”, lembrou Tezeu.

O diretor José Maria também ressaltou a importância dessa conversa. “Eu saio daqui hoje mais energizado para lutar para reconstruir o Brasil”, frisou.

Alessandro finalizou a conversa reforçando, que no que depender da categoria petroleira, a Petrobrás será mantida.

Para o ex-diretor da Petrobrás, Guilherme Estrela, os trabalhadores e a sociedade brasileira precisam atuar juntos para eleger novos representantes, que estejam dispostos a recuperar o país. “É o trabalhador da Petrobrás, entre todos os brasileiros, que mais conhece a importância da Petrobrás. E nós temos que nos unir para a recuperação da empresa. A Petrobrás, hoje, está de costas para a sociedade brasileira e nós sabemos que ela não é isso”, ressaltou Estrela.

 

NORMANDO

Bomba

Normando Rodrigues*

O dia 2 de dezembro viu a explosão de uma bomba da Segunda Guerra Mundial, na Munique em que Hitler surgiu para a política. Aqui, porém, nossa herança do fascismo europeu é muito mais destruidora.

No mesmo dia da detonação na Alemanha, o Brasil entrou em recessão técnica, com a divulgação do 2° trimestre seguido de encolhimento do PIB, algo que Paulo Guedes chamou de “decolagem”.

Nesse voo para o subsolo, nossa perspectiva para 2022 é a última das 20 maiores economias da terra redonda, e os indicadores de risco do Brasil – desaparecidos do noticiário desde o Golpe de Estado de 2016 – são os piores de nossa história.

Não é novidade a psicopatia de Guedes, que já se gabara de ter colocado uma granada no bolso do servidor público. E oito dias antes do acidente na capital da Baviera ele deu nova mostra de sua doença mental.

Granada

Em depoimento na Câmara, o escroque-mor do fascismo ensinou a praticar evasão tributária, via paraíso fiscal, hábito que compartilha com o presidente do Banco Central, Bobby Fields Terceiro.

Longe de receber punição, o contorcionismo moral de Guedes foi premiado como se estivéssemos no 3° Reich, por um parecer da Postergadoria Geral da República, a favor da prática lesiva aos cofres públicos.

Cinco dias depois, quando os americanos lembravam o ataque-surpresa japonês a Pearl Harbor, que há 80 anos alçou os EUA à condição de Império, foi a vez do súdito Bolsonaro voltar à carga.

Torpedos

No 7 de dezembro o Mito reafirmou seu compromisso medular com os ricos, similar ao expressado por Hitler na reunião com grandes empresários alemães em fevereiro de 1933, às vésperas do incêndio do parlamento alemão.

Sempre tão parcial quanto Mister Moro, Bolsonaro confessou proteger os tubarões (aos quais se reconheceu devedor), disse só nomear seguidores para o Tribunal Superior do Trabalho e atacou o Ministério Público trabalhista.

De quebra, nosso líder fascista acabou com a inclusão social via Prouni, de uma só canetada. Universidade é para os filhos dos ricos!

Metralha

Profícuo em barbaridades, no mesmo dia sete o mandatário retomou a defesa do vírus, da contaminação e da morte, e vituperou contra a exigência de passaporte vacinal dos turistas que venham a Pindorama.

Na acirrada disputa entre Mister Moro e Bolsonaro, pela posição de melhor capacho de Washington, o Mito tem a vantagem da consciência de sua insignificância, e não se pretende exatamente um Hitler, mas um vassalo chefe de estado periférico.

É verdade que o fascismo colonizado de Bolsonaro foi abalado pela derrota de Trump – eleitoral e na tentativa de golpe de 6 de janeiro. No entanto, ele segue firme em sua submissão à imbecil direita terraplanista estadunidense.

Bordel

Bolsonaro não combate o passaporte da vacina apenas por convicção genocida. O objetivo é também manter as portas do Brasil arreganhadas para a escumalha gringa antivacina, que tanto admira.

Seu modelo de estadista fascista satélite é o de um Fulgencio Batista, transformador do próprio país em prostíbulo da economia americana: “Quem quiser vir ao Brasil fazer sexo com mulher, fique à vontade.”

É a única coisa que Bolsonaro oferecerá, na “Cúpula pela Democracia”, convocada pelo imperador Biden.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.
[email protected]

 

1218merged