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A SEMANA
Editorial
Sobre Petrobrás também é sobre futuro do Brasil
A petroleira, o petroleiro, estão acostumados. Em toda disputa eleitoral para a Presidência da República o assunto Petrobrás aparece. Não poderia mesmo ser diferente. Saber o que um candidato ou candidata pensa fazer em relação à maior empresa do país é essencial e, quase sempre, um indicativo muito contundente da sua postura em relação a todos os demais temas.
Diz muito sobre como entende o papel do estado, suas prioridades sociais, sua noção de soberania, sua ideia de gestão da máquina pública. O que o futuro ou futura governante fará com a Petrobrás será, portanto, muito ilustrativo do que fará com todo o país.
No pleito atual, estão melhor colocados nas pesquisas dois projetos distintos, que apresentam como credenciais para voltar (caso de Lula) ou para continuar (caso de Bolsonaro) práticas em relação à empresa completamente opostas: o primeiro fez a empresa crescer, descobriu o pré-sal e ampliou o seu papel na indústria nacional; o segundo acelerou a privatização, fabricou lucro de curto prazo à custa do desmonte e fez a alegria dos acionistas.
E, ao contrário do que pode parecer, não se trata de mera escolha de um modelo econômico. É uma escolha ideológica. E cada trabalhador e cada trabalhadora também deve fazer a sua. Não há isenção possível diante de dois caminhos tão claros quanto diferentes.
O seu voto vai dizer o que você quer para o Brasil ao manifestar também o que você quer para a Petrobrás.
Quase um vale-tudo
Matéria da CUT publicada no portal da Central nesta semana mostra que, com quase cinco anos de vigência, a chamada reforma trabalhista (Lei 13.467) deixa como saldo a redução dos empregos e o enfraquecimento dos sindicatos. Mais uma reconstrução que o país terá que fazer, a depender da correlação de forças que sairá das urnas em outubro e, como sempre, da luta dos trabalhadores e das trabalhadoras. Os dados das negociações coletivas mostram que elas caíram, em contradição com o anunciado efeito de que elas seriam mais valorizadas.
Parabéns, CUT
A CUT completou, no último dia 28, 39 anos de uma trajetória de lutas pelos direitos da classe trabalhadora e pela democracia no Brasil. Rumo, portanto, aos 40 anos, a maior central sindical da América Latina, uma das maiores do mundo, é orgulho para os trabalhadores brasileiros.
Parabéns, SP
Outro aniversário da semana foi o da unificação dos Sindipetros paulistas, que tem como data de referência o 26 de agosto, quando houve a formalização, há 20 anos, da unificação das entidades que representavam os sindicatos de petroleiros de Campinas, Mauá e São Paulo. Parabéns, Unificado SP!
Lições de uma ação
Artigo do assessor jurídico do NF e da FUP, Normando Rodrigues, relembra a tramitação e as lições da ação do reflexo das horas extras, que teve vitória da empresa em 2021. O advogado mostra como a ação iniciada em 2005, mesmo com decisões favoráveis aos trabalhadores em todas as instâncias trabalhistas, teve desfecho desfavorável em razão de um casuísmo do STF. Leia em is.gd/acaorepouso.
Setembro Amarelo
Conteúdos que alertam para a necessidade de cuidados individuais e coletivos com a saúde mental ganham destaque neste mês com a Campanha Setembro Amarelo. O Sindipetro-NF vai participar de ações de conscientização dos trabalhadores e das trabalhadoras para a prevenção ao suicídio. Acompanhe nas redes sociais da entidade.
Ainda dá tempo
Continua até o próximo dia 13 o período de respostas à pesquisa da Comunicação do NF. Os respondentes concorrem a um Iphone 13 Red, que será sorteado durante o programa NF ao vivo de 14 de setembro. Podem participar trabalhadores de empresas privadas do setor petróleo ou da Petrobrás na base do NF. Aposentados destas empresas também podem participar.
ACT no NF ao vivo
O programa NF ao vivo desta semana, na quarta, 19h30, tem como tema “Setembro chegou e a luta continua. O calendário da campanha é a categoria que faz” e terá como convidados o assessor jurídico Normando Rodrigues, o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar e o coordenador do NF, Tezeu Bezerra, em conversa moderada pelo jornalista Hugo Soares e pelo diretor sindical Tadeu Porto.
VOCÊ TEM QUE SABER
Categoria dita ritmo e não aceita ameaça
Com assembleias até o próximo dia 4, a base do Sindipetro-NF continua a rejeitar massivamente a terceira contraproposta da gestão bolsonarista da Petrobrás para o Acordo Coletivo de Trabalho — que, de modo arrogante e autoritário, os circunstanciais representantes da empresa chamam de “última”. O NF se soma a todas as demais bases da FUP, que não se renderam às chantagens e ameaças e estão mostrando que quem determina o tempo da Campanha Reivindicatória são os trabalhadores, na luta.
Na manhã desta terça, 30, uma das assembleias da unidade de Cabiúnas ficou lotada, como também já havia acontecido na semana passada nas bases de Imbetiba e Parque de Tubos. Mesmo nas assembleias com grupos menores de trabalhadores a participação tem sido intensa, com a manifestação da indignação da categoria.
Nos próximos dias, além das plataformas (que seguem até o domingo, 4), ainda acontecem assembleias dos aposentados (quarta, 31, na sede de Campos, e quinta, 01, na sede de Macaé, ambas às 10h) e nos turnos de Imbetiba e do Parque de Tubos (as duas na sexta, 02, às 19h, na saída do turno).
Quadro nacional
“Iniciadas na terça-feira, 23, as assembleias nos sindicatos da FUP seguem rejeitando contundentemente a contraproposta rebaixada apresentada pela gestão da Petrobrás e subsidiárias para o Acordo Coletivo de Trabalho 2022/2023. Em todas as bases, a categoria petroleira tem referendado a cobrança da FUP de prorrogação do ACT e de continuidade da negociação. Em diversas unidades do Sistema Petrobrás, a rejeição à contraproposta da empresa tem sido por unanimidade, tamanha a indignação e revolta dos trabalhadores com o impasse criado pela gestão para tentar empurrar um Acordo cheio de retrocessos”, informou a FUP nesta semana.
A Federação destaca que a categoria petroleira tem demonstrado grande força mesmo com as hostilidades dos gestores da companhia. “A empresa tem ameaçado retirar direitos, chantageando os trabalhadores com apresentações sobre a transição para a CLT. Empregados com cargos de confiança estão sendo chamados a participar das assembleias para intimidar seus subordinados. Entidades sindicais estão sendo atacadas e seus dirigentes impedidos de ingressar nas unidades, entre outras práticas antissindicais”, relata a Federação.
Não nos intimidarão
Ainda de acordo com a FUP, “apesar das ameaças, intimidações e práticas antissindicais dos gestores, a categoria não se intimida e segue resistindo ao desmonte do ACT e ao assédio moral. Desde as primeiras votações, o tom das assembleias é de indignação e de repúdio à retirada de direitos, à perda da cláusula de garantia no emprego e aos ataques contra a AMS, a jornada de trabalho e as organizações sindicais”.
Confira os indicativos da FUP/NF
1 – Rejeitar a 3ª Contraproposta apresentada pela Petrobrás e subsidiárias.
2 – Intensificar as mobilizações, com realização de paralisações pipoca, operações padrão por segurança e outras ações que serão realizadas com a participação da base.
3 – Referendar a cobrança já feita pela FUP de prorrogação do ACT até o fim das negociações, com garantia da data-base.
4 – Autorizar a FUP a retomar as negociações, diretamente com o RH ou sob mediação do TST, priorizando a defesa de 6 pontos que atacam diretamente o ACT, sendo eles:
– Garantia de emprego no Sistema Petrobrás.
– Manutenção do Acordo Regional do NF (Dia de Desembarque, Turno da Manutenção e Auxílio Deslocamento).
– Limite de 13% para descontos da AMS.
– Preservação dos adicionais de gasodutos e da operação da mestra nacional (Transpetro).
– Manutenção da relação trabalho x folga em 1 x 1,5, no regime de turno de 12h nos prédios administrativos.
– Fim dos ataques à organização sindical.
5 – Aprovação do Manifesto em repúdio à posição autoritária da gestão da Petrobrás.
SAIDEIRA
Empresa bloqueia crachá de representante do NF no caso P-19
O Sindipetro-NF denunciou, no último dia 25, a ocorrência de mais uma das absurdas práticas antissindicais da Petrobrás. A empresa bloqueou o crachá do diretor da FUP, Raimundo Teles, que representa o sindicato na comissão de investigação do acidente que matou, em 2 de agosto, o petroleiro Patrick Carlos, à bordo da plataforma P-19, na Bacia de Campos. O caso aconteceu quando o sindicalista tentou entrar no Edifício Senado (Edisen), uma das sedes administrativas da Petrobrás no Rio, onde participaria de uma das reuniões do grupo.
O sindicalista registrou em vídeo o momento em que tenta passar pela catraca e não acontece a liberação. O mesmo prédio vinha sendo acessado pelo diretor nos últimos dias, justamente para participar de trabalhos da comissão, sem problemas. O ingresso anterior ao prédio havia acontecido três dias antes.
Raimundo explicou que chegou ao Edisen por volta das 7h50. Após ver que o acesso não estava liberado, foi à recepção para saber o que estava acontecendo, quando recebeu a informação de que ele estava bloqueado por ser sindicalista. O petroleiro conta que esperou mais um pouco e, às 8h06, tentou o acesso novamente, sem sucesso. “Foi quando veio um inspetor de segurança alegando que a orientação era essa e que se tivesse que ter acesso iriam verificar para me liberar como visitante. Aí eu já considerei uma ofensa pessoal, porque eu sou funcionário da Petrobrás, estou prestes a completar 40 anos de vinculação com a empresa agora no dia 1º de setembro, e não aceitei entrar com o crachá de visitante para participar de uma atividade que já está estabelecida”, protesta Raimundo.
Ação judicial
O sindicato repudiou com veemência o ataque à organização sindical. As dificuldades impostas pela Petrobrás para o acesso de sindicalistas às suas instalações já é motivo de ação judicial movida pelo sindicato contra a empresa.
NORMANDO
O Jardineiro Fiel
Normando Rodrigues*
O futuro depende não só da memória do “jardineiro”, mas dele se manter fiel a si e ao mundo em que acredita. Fiel o bastante para saber que Temer e Bolsonaro quebraram o Brasil.
Em 2005 Lula governava quando foi lançado “O Jardineiro Fiel”, filme de Fernando Meirelles adaptado de romance do veterano escritor de espionagem John le Carré.
Misoginia
Na trama, uma ativista de direitos humanos (Rachel Weisz em papel que lhe deu o Oscar de atriz coadjuvante) e esposa de um diplomata, é encontrada morta em circunstâncias que indicavam crime passional em caso extraconjugal com um amigo do casal, desaparecido desde então.
O marido (Ralph Fiennes), jardineiro diletante, poderia ter sido logrado ali, dominado pelo machismo, sentindo-se traído e humilhado por um adultério exposto a todos. Isso se ele fosse um bolsonarista misógino, dos que dizem “não vou te estuprar porque você não merece”, ou “quem quiser vir ao Brasil fazer sexo com mulher é bem vindo”.
Porém, da mesma forma como o jardineiro citado por Lula se recorda de sua vida nos anos de governo do PT, o viúvo conhecia a companheira e se propôs investigar.
Genocídio
E a investigação revela um escândalo de saúde pública colonizada por interesses de gigantes farmacêuticas e experimentação em massa de medicamentos em seres humanos. O que a encenação de assassinato por amante visava ocultar era uma farsa da Cloroquina combinada com mengelismo tipo Prevent Senior.
No entanto, justiça não é cinema. Qualquer chance de responsabilização de médicos, militares e militantes fascistas, culpados de corrupção, genocídio e crimes contra a humanidade, passa por Lula ser eleito este ano, ou tudo continuará acobertado por muitos e novos sigilos de 100 anos.
Para isso, também o jardineiro de Lula deve recusar a ideia de que foi traído e investigar. Se o fizer, vai descobrir que Lula e Dilma deixaram o Brasil com mais de 380 de bilhões de dólares em reservas internacionais e que nem o Brasil nem a Petrobrás quebraram sob o PT.
Os assassinos
A Petrobrás foi saqueada e esquartejada por Temer, o Usurpador, e por Bolsonaro, o Lobisomem, que a tornaram a única das 20 maiores empresas de petróleo do planeta a não ter uma rede de postos de combustíveis que maximize seus lucros. E dolarizaram os preços de gasolina, diesel e gás de cozinha, assim tirando bilhões do povo e colocando no bolso de especuladores.
O resultado foi que, além de torrarem o dinheiro deixado por Lula e Dilma, criaram filas na compra de jatinhos, helicópteros e iates pelos ricos, sem que paguem impostos. E filas de ossos para os pobres, que pagam impostos.
Nosso jardineiro descobrirá facilmente os assassinos da trama. E saberá em quem votar.
* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]