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A SEMANA

Editorial

Trabalhadores foram principais alvos da ditadura

Quando te perguntarem o que a Ditadura traz de impacto para a vida do trabalhador até hoje, e a razão para entidades como sindicatos e organizações não governamentais estarem lembrando dos 60 anos do Golpe de 64 nesta semana (e se não bastarem as explicações básicas de liberdade e de cidadania, ou humanitários contra as torturas e mortes), diga apenas que aquele período obsceno da vida brasileira fez aumentar a violência contra os trabalhadores pobres, além da fome e da desigualdade.

Talvez assim fique mais material e nítido o prejuízo causado pela corrupção militar no poder, pela ausência de fiscalização democrática do governo, pelo silêncio imposto à oposição.

Este é um lado menos visível da Ditadura: o quanto ela mirou a periferia, estigmatizou a pobreza e autorizou a polícia a entrar matando na favela, enquanto bebia uísque nos conchavos nas mansões da elite. A polícia que mata hoje trabalhadores pobres indiscriminadamente é herdeira direta desse período, em que toda forma de violência institucional estava liberada pelo poder central.

Em nota nesta semana, a CUT lembrou o aspecto econômico do desastre: “o valor do salário mínimo real caiu cerca de 40%, entre 1961 e 1970. A concentração de renda subiu em duas décadas e houve rápida intensificação do processo de exploração do trabalhador com o aumento da jornada, a piora nas condições de vida e de trabalho. Uma das consequências dessa superexploração foi a posição de “campeão mundial de acidentes de trabalho”, atingida pelo Brasil em 1976”.

Não se iluda com conversa fiada sobre a Ditadura não ter perseguido trabalhador, apenas ter perseguido “vagabundo comunista”. A Ditatura foi um projeto autoritário de elite que tinha horror aos pobres e queria manter os trabalhadores sob controle absoluto, dominados sob o signo do medo. Ter que dizer isso ainda hoje é mais um sinal de que ela não acabou enquanto mentalidade, como mostrou o 8 de janeiro de 2023. Trabalhador de verdade tem, como dizia Ulysses Guimarães, ódio e nojo à Ditadura.

Privatiza que piora: Enel está por um fio

Endividada mundo afora e com serviços precários no Brasil, a concessionária de energia Enel é mais um exemplo do que que pode provocar a entrega de setores estratégicos para o atendimento à população nas mãos de empresas privadas. Apagões em São Paulo e muitos cortes de fornecimento também no Rio de Janeiro estão provocando forte pressão sobre a empresa, inclusive por meio de CPIs em casas legislativas. O Norte Fluminense também sofre com o péssimo serviço, como acontecem nas cidades de Campos e de Macaé.

Superior

Petroleiros e petroleiras da Superior Energy Services estão em período de avaliação da proposta de Acordo Coletivo 2023/2024. Após assembleia geral online nesta terça, 02, a categoria segue em votação pela plataforma Confluir. Caso a proposta seja recusada, será avaliada a pauta de Aprovação de Estado de Greve.

Manserv

O Sindipetro-NF recebeu denúncia de que a Manserv está realizando descontos indevidos em rescisões contratuais de cerca de 80 empregados. Os relatos são de que estão sendo descontados valores referentes a cursos e a equipamentos de proteção de individual (EPI). A entidade denunciou o caso à área de fiscalização da SRTE-RJ.

Resistência

A pesquisadora Juliana Oliveira, assessora da FUP e doutoranda em História Social pela UFRJ, relata perseguições e violências contra trabalhadores e trabalhadoras petroleiros no período prévio e após o golpe empresarial militar de 1964 e propõe celebração da resistência como remédio contra a repetição. O relato está nos sites da FUP e do NF. Leia em is.gd/petgolpe.

Bozo dói no bolso

Chegou a hora de cobrar a conta dos patrões bolsonaristas que coagiram seus funcionários a votar no candidato deles. O primeiro passo foi dado por uma das categorias mais atingidas: a dos comerciários. Em ação civil pública, a CUT conseguiu decisão que prevê que trabalhadores e trabalhadoras poderão pleitear indenizações de R$ 10 mil, por meio de ações dos seus sindicatos.

Estarrecedor

A CUT divulgou dados do 1º Relatório de Transparência Salarial, elaborado com dados fornecidos obrigatoriamente por empregadores ao governo, que confirmam a desigualdade entre homens e mulheres no mundo do trabalho. Elas recebem em média 19,4% a menos do que eles. “Em cargos mais elevados, como dirigentes e gerentes, a diferença chega a 25,2%”, informou a Central, que atua na defesa de políticas de combate a essa injustiça.

 

VOCÊ TEM QUE SABER

Setor Naval: Mais um passo rumo à geração de emprego

O movimento sindical petroleiro participou, nesta semana, de mais uma atividade de fortalecimento da luta pela retomada da indústria naval no estado do Rio de Janeiro. Com presença do presidente Lula, foi realizada, na terça, 02, o início das obras de dragagem do canal de São Lourenço, em Niterói, com expectativa de geração de cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos. A previsão é de conclusão em 2025.

“O desassoreamento do trecho da Baía de Guanabara acontecerá entre a Ilha da Conceição e a Ponte Rio-Niterói. O objetivo é aumentar de 7m para 11m a profundidade (calado) do canal para permitir uma melhor função operacional dos estaleiros. A obra tem como objetivo ampliar o acesso da infraestrutura aquaviária ao Complexo Industrial e Portuário de Niterói. Dessa forma, a Prefeitura pretende revitalizar o segmento dentro do projeto Niterói 450 anos, voltado para Economia do Mar”, informou a Prefeitura de Niterói.

O Sindipetro-NF foi representado na atividade pelo coordenador geral Tezeu Bezerra e pelos diretores Joacir Pedro, Bárbara Bezerra, Sergio Borges, Eider Cotrim, Johnny Souza, Marcos Botelho, Jocimar dos Santos, Anderson da Silva, Luiz Carlos Mendonça e Giovana Soares.

O Estado do Rio de Janeiro conserva forte tradição no segmento naval. Os investimentos nesta indústria foram abandonados em anos recentes, gerando grande prejuízo para toda a sociedade. A destruição da indústria naval levou a retrocessos. O setor chegou a manter 80 mil empregos. Atualmente são aproximadamente 15 mil.

O ato desta semana com o presidente Lula, com a categoria petroleira e com diversas outras lideranças políticas de governos, de sindicatos, do empresariado e de entidades dos movimentos sociais reforça essa retomada da indústria naval, que também integra o PAC e investimentos da Petrobrás.

Sedes do NF recebem doações para S. Eduardo

O Sindipetro-NF se somou à corrente de solidariedade aos atingidos pelas chuvas no distrito de Santo Eduardo, na região Norte de Campos dos Goytacazes. A entidade entregou, na última semana, na Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida, fardos com 2.500 litros de água mineral e materiais de higiene. Novas entregas estão previstas.

A entidade colocou as suas sedes de Campos dos Goytacazes (Av. 28 de Março, 485) e de Macaé (Rua Tenente Rui Lopes Ribeiro, 257) disponíveis para receber outras doações.

A ação em Santo Eduardo contou com as participações do coordenador geral da entidade, Tezeu Bezerra, e do diretor Guilherme Fonseca, além de envolver funcionários do sindicato.

A Prefeitura de Campos decretou Estado de Emergência nas áreas afetadas. De acordo com a Defesa Civil do Município, foi registrado um acumulado pluviométrico de 300 mm no último domingo, 24. Santo Eduardo, assim como o distrito vizinho de Morro do Coco, recebeu águas da Bacia do Rio Itabapoana, o que deixou “um grande número de pessoas desalojadas e de diversas famílias que tiveram suas casas inundadas, acarretando a perda de seus pertences e inviabilizando a permanência delas em suas residências, sob risco de vida, desabrigadas”, também de acordo com informações da Prefeitura.

Artesanato: Inscreva-se para oficina no sindicato

O Sindipetro-NF inscreve até esta quarta, 3, aposentados, aposentadas e pensionistas, assim como seus dependentes, para Oficina de Artesanato promovida pelo Departamento de Aposentados da entidade.
As aulas vão acontecer na sede de Campos dos Goytacazes nos dias 08, 15, 22 e 29 de abril, em dois turnos (das 9h às 12h e das 14h às 17h).

Na sede de Macaé, as aulas serão nos dias 09, 16, 23 e 30 de abril, também em dois turnos (das 9h às 12h e das 13h às 16h).

Inscrições

Para fazer a inscrição, as interessadas e os interessados devem acessar o link is.gd/artesanf.

 

SAIDEIRA

Luta através da cultura encerrou programação do Mês da Mulher

O Sindipetro-NF promoveu, no último dia 27, a Mostra de Cultura, na sede em Macaé. A atividade encerrou o Mês da Mulher, que também contou com panfletagens em nas bases da região, cafés nas sedes com as aposentadas e seminário interno para funcionárias e diretoras do sindicato.

De acordo com Bárbara Bezerra, coordenadora do Departamento de Cultura, Esporte e Lazer do sindicato, a Mostra foi incrível e contou com a participação muito importante do público e da categoria também.

“Através da arte, a gente conseguiu fazer o diálogo de muitas bandeiras de luta das mulheres. Falamos da mulher rural, do MST, através de um filme, trouxemos na dança o questionamento do etarismo, abordamos a questão da sexualidade da mulher através do teatro, enfim, levantamos muitas bandeiras, mas principalmente sobre a importância de avançarmos em relação à igualdade dos direitos e das lutas das mulheres através da arte e da cultura. Foi um sucesso, muito divertido, emocionante e com um público muito participativo”, destacou a diretora.

SETORIAL NA TEST OIL – Trabalhadores da Test Oil participaram de reunião setorial com o Sindipetro-NF, na base do Parque de Tubos, na segunda, 01. A entidade foi representada pelo coordenador do Departamento do Setor Privado, Eider Siqueira, e por assessores jurídicos. A categoria dialogou sobre a representação sindical e sobre as negociações do Acordo Coletivo de Trabalho, que estão em fase de recebimento de sugestões pelo e-mail [email protected].

NORMANDO

O reino das coincidências

Normando Rodrigues*

O médico Arthur Conan Doyle colocou na boca de seu Sherlock Holmes uma frase de repulsa às coincidências: “raramente o universo é tão desleixado.”

Em 1995, Bolsonaro foi assaltado e teve roubadas sua moto 350cc e uma pistola Glock .380. Ofertados os pertences ao chefe do tráfico de Acari, este resolveu devolver a moto e a pistola, com receio da repercussão do caso. Os bens foram entregues ao 9° Batalhão da PM e de lá seguiram para a casa de Bolsonaro, em prestativo delivery realizado pelo então cabo Ronnie Lessa, que não deveria estar ali, posto que era do BOPE. Guarde esse nome, uma 1ª grande “coincidência”.

O traficante foi cassado por 8 meses até ser preso e amanhecer “suicidado” por enforcamento em sua cela, no mesmo estilo do jornalista Vladimir Herzog. Mãe e namorada do suicidado denunciaram o assassinato e ambas foram também mortas. Há aqui uma “coincidência de método”.

Em 2009 Ronnie Lessa perde a perna em um atentado e Bolsonaro aparece para o ajudar com o tratamento médico e colocação de prótese, uma 2ª coincidência. E os dois se tornam vizinhos de condomínio, uma 3ª coincidência.

Em 2018 tivemos a eleitoreira intervenção federal no RJ, determinada por Temer, o Usurpador. À frente, o general Braga Neto que, a dias da execução de Marielle e Anderson, nomeia para a chefia da Polícia Civil do Estado o delegado Rivaldo Barbosa, um dos arquitetos do plano de matança.

Antes de nomear Rivaldo, Braga Neto foi oficialmente informado pela inteligência da Polícia Federal que o delegado era ligado à milícia. O aviso foi ignorado e o policial federal que dera o aviso, perseguido.

Braga Neto, do “esperem só mais 72h”, além de ministro do governo fascista foi o vice de Bolsonaro na chapa de 2022, um dos financiadores dos acampamentos nas portas dos quartéis e o responsável por arregimentar militares para o naufragado golpe de estado contra a posse de Lula. Chamemos esse cadinho de “4ª coincidência”.

Apenas para completar 5 coincidências, lembremos das seguidas homenagens às milícias pela família Bolsonaro, cujo patriarca chegou a falar em “legalização”.

Bruno Paes Manso, no obrigatório “A República das Milícias”, demonstra que esses bandos armados descendem diretamente dos “Esquadrões da Morte” da Ditadura Militar, o que explica muitas “coincidências”.

Explica, por exemplo, as camisetas bolsonaristas com “Marielle vive… enchendo o saco” e a resposta de Jair aos familiares de desaparecidos da Ditadura: “quem procura osso é cachorro.”

Depois do médico Conan Doyle, Carl Gustav Jung disse que “coincidências não existem” e sim “conexões”. E as conexões entre os Bolsonaro e o assassinato de Marielle e Anderson ainda precisam vir à tona.

*Assessor jurídico do NF e da FUP. [email protected]

 

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