Nossa solidariedade à greve dos trabalhadores da Dataprev, que resistem às demissões e à privatização

O ataque aos trabalhadores não para. No último mês, o governo Bolsonaro anunciou o fechamento de 20 unidades da Dataprev e a demissão de mais de três mil trabalhadores, que estão sendo coagidos a aderirem compulsoriamente ao Programa de Adequação de Quadros (PAQ).

Por conta disso, os profissionais decidiram entrar em greve na sede da empresa, em Brasília, e em várias regionais espalhadas pelo país.

Na Bahia, em Pernambuco, no Rio Grande do Sul e em Sergipe, a greve já começou.

No Distrito Federal a paralisação vai começar na próxima segunda-feira (27).

No Rio de Janeiro, a greve foi aprovada em assembleias realizadas quinta-feira (23) nas unidades Álvaro Rodrigues e Cosme Velho. Os trabalhadores irão parar por tempo indeterminado a partir de terça-feira, dia 28 de janeiro.

Os petroleiros, que estão aprovando em assembleias o indicativo da FUP de greve por tempo indeterminado, a partir de 01/02, se solidarizam com os companheiros da Dataprev, que, assim como nossa categoria, lutam contra as demissões e o desmonte que o atual governo vem fazendo no setor público, privatizando empresas estratégicas para a soberania nacional.

A Dataprev e o Serpro, as duas principais empresas estatais de tecnologia da informação, estão sendo arbitrariamente privatizadas e seus trabalhadores, demitidos.

Criada em 1974, a Dataprev é responsável pela administração do sistema que processa todo o funcionamento da Previdência Social, desde o pagamento de mais de 34 milhões de benefícios previdenciários, a concessão de benefícios e o próprio funcionamento informatizado e interligado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), além do Sistema Nacional de Emprego (Sine).

Edson Simões, secretário-geral do Sindicato dos Empregados de Empresas de Processamento de Dados do Distrito Federal (Sindpd), avalia que a população vai ser prejudicada e o país vai empobrecer cada vez mais com as privatizações. “É um processo que está iniciado há muito tempo. Esse trem, ele não para. Está a todo momento andando, avançando. O governo vai fazer tudo para colocar a população contra os trabalhadores, para respaldar as ações dele”, afirmou.

Já o diretor da Federação Nacional dos Empregados em Empresas e Órgãos Públicos e Privados de Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares (Fenadados), Eudes da Silva, destacou que o governo Bolsonaro “está atropelando tudo, não está dialogando com a representação dos trabalhadores”. Um dos motivos da greve é que a Fazenda Nacional deu sinal verde para a privatização da Dataprev. Na quarta-feira foi publicada uma portaria no Diário Oficial da União determinando que a Secretaria Nacional de Desestatização, sob chefia de Salim Mattar, deve seguir as regras aprovadas pelo conselho.

Em entrevista recente à Rádio Gaúcha, Mattar acusou os trabalhadores do Serpro e da Dataprev de venderem os dados da população. Sem apresentar qualquer prova, o secretário disse: “Empresa estatal não funciona bem. Você verifique que os nossos dados estão sendo vendidos pelos servidores públicos dessas estatais (Serpro e Dataprev). Então nós temos que privatizar porque, se privatizar, tem legislação, poderemos processar essas pessoas, é muito diferente”.

[Com informações da Rede Brasil Atual e do Sindpd-RJ | Foto: Sindpd-RJ ]