Nova diretoria da Petrobrás reforça pretensões de privatização total do setor

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A Petrobras anunciou nesta sexta-feira, 4, mudanças em sua diretoria executiva. O presidente Roberto Castello Branco indicou Rudimar Lorenzatto para o lugar de Hugo Repsold na diretoria de Desenvolvimento da Produção & Tecnologia. Além disso, indicou Anelise Quintão Lara para a diretoria de Refino e Gás Natural, no lugar de Jorge Celestino, e Lauro Cotta para a de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão, diretoria que era ocupada por Nelson Silva. Para o Sindipetro-NF, os nomes indicados demonstram mais uma vez as verdadeiras pretensões do atual governo de privatização total desse setor da companhia.

Com a escolha de Cotta, a Petrobras passa a ter mais um diretor trazido da iniciativa privada. Ao todo, são três externos incluindo Cotta, Rafael Grisolia (Financeiro & de Relacionamento com Investidores) e Rafael Gomes (Governança & Conformidade) e quatro de carreira – Solange Guedes (E&P), Eberaldo de Almeida, Anelise Lara e .Rudmiar Lorenzatto. A escolha, de acordo com a entrevista dada na Intranet da Petrobrás, disponível para todos os empregados, tem como base o conceito de que o papel social da empresa é dar lucro ao acionista. Por isso, Castello indicou para a diretoria Lauro Cotta, que é ex presidente da Supergasbras, uma das distribuidoras de gás que mais lucrou com a disparada nos preços dos botijões de gás, que enriqueceu os seus acionistas e fez a população mais carente voltar a cozinhar a lenha.

Já Anelise foi a gerente da executiva de Aquisições e Desinvestimentos, cargo que assumiu em maio de 2016 junto com Pedro Parente. Para se ter uma ideia do papel desempenhado por Analise, em dezembro de 2017 o então presidente Pedro Parente durante sua apresentação do Plano de Negócios e Gestão 2018-2022 ao não encontrar a executiva no evento disse: “Ela deve ter ido vender alguma coisa”.

Durante a gestão de Anelise na gerência de Desinvestimentos, a Petrobras vendeu mais de R$ 19 bilhões em ativos da empresa, incluindo muitos campos e blocos exploratórios extremamente rentáveis, termoelétricas, refinarias, distribuidoras e usinas de biocombustíveis. Além de inviabilizar um projeto de soberania nacional, essas privatizações ocorreram em um momento de grave crise, não apenas do Brasil e da Petrobras, como do próprio setor petróleo em todo o mundo, o que fez com que esses ativos fossem vendidos muito a baixo dos seus valores, trazendo uma enorme perda para os brasileiros e gigantescos ganhos para os compradores internacionais.

Mesmo o país tendo passado por uma das maiores crises de abastecimento recentes em 2018 com a greve dos caminhoneiros e petroleiros, devido a política de vinculação dos preços dos combustíveis com as variações dos mercados financeiros internacionais, a Petrobras indica novamente uma guinada para o abandono de uma política energética soberana. As refinarias estão funcionando muito abaixo das suas capacidades, o que se mostra um grande equívoco dado ao grande aumento da produção de petróleo e gás natural no Brasil, devido às descobertas recentes do pré-sal.

A produção nacional de petróleo e gás natural já possui capacidade maior do que a necessária para o abastecimento nacional, o que apresenta uma enorme possibilidade para o país ter soberania na sua política energética ao mesmo tempo que promove lucratividade para a sua empresa estatal.

Na avaliação do Coordenador do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, o movimento sindical petroleiro, não irá aceitar passivamente a entrega de nossas riquezas naturais ao mercado. “Essas nomeações não representam o pensamento da maioria da categoria que defende a Petrobrás como uma empresa publica, que deve garantir uma atuação ampla do poço ao poste. Estaremos no Congresso em Brasília com a Brigada Petroleira, nas ruas e discutindo com a categoria em defesa de um patrimônio que é do povo brasileiro” – afirma Bezerra.