Na tentativa de criminalizar a greve dos petroleiros, a direção da Petrobrás adotou a velha estratégia de fazer terrorismo nos autos dos processos judiciais que move contra a FUP e seus sindicatos no Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Para os ministros do tribunal, a empresa afirma que a greve irá “afetar o abastecimento de combustíveis em âmbito nacional e comprometer a segurança da operação industrial”. Os gestores falam até que a greve vai causar “graves e incalculáveis prejuízos ao abastecimento nacional e à recuperação econômica da Petrobras”.
Já nos comunicados à imprensa e nas entrevistas à mídia, o discurso vai na direção contrária. A direção da Petrobrás informa que as unidades estão operando dentro da normalidade e que a greve dos petroleiros não afeta a produção de petróleo e derivados.
Na segunda-feira, 10, décimo dia de greve da categoria, a agência Bloomberg, especializada em notícias do mercado financeiro, noticiou a seguinte chamada: “Petrobras: Produção segue inalterada apesar da greve”. A matéria começa com a seguinte frase: “Não houve impacto na produção de petróleo, mesmo com trabalhadores de plataforma tendo aderido à greve iniciada em janeiro, Petrobras diz em e-mail”.
No mesmo dia, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) estariam monitorando o impacto da greve. “Por enquanto, as informações que temos é de que está tudo dentro da normalidade”, declarou à Agência Estado.
A direção da Petrobrás se contradiz até ao anunciar “a contratação imediata de pessoas e serviços, de forma emergencial, para garantir a continuidade operacional em suas unidades durante a greve”. No mesmo comunicado, a empresa informa que “as unidades estão operando nas condições adequadas, com reforço de equipes de contingência quando necessário, e não há impactos na produção até o momento”.
Ou seja, a estratégia da direção da Petrobrás é tentar criminalizar a greve dos petroleiros. Para isso, mente para os ministros do TST e coloca em risco a segurança dos trabalhadores e das unidades operacionais, quando anuncia contratações temporárias de profissionais sem a necessária qualificação e treinamento para atuar em plantas industriais tão complexas, como são as refinarias, plataformas e terminais.
A FUP e seus sindicatos continuam buscando todos os canais possíveis para que haja negociação com a Petrobrás, visando o atendimento da pauta de reivindicações aprovada pelos trabalhadores nas assembleias.
A Comissão Permanente de Negociação da FUP segue há 12 dias em plantão de 24 horas dentro do edifício sede da empresa, cobrando interlocução com os gestores, que se negam a negociar.
As representações sindicais também estão fazendo gestões junto ao Congresso Nacional e ao Ministério Público e à Justiça do Trabalho para buscar solução para o impasse.
A greve é legítima e legal. Os petroleiros são os mais interessados em garantir abastecimento de petróleo e derivados a preços justos para toda a população. Por isso, a categoria luta para preservar empregos e para que a Petrobrás cumpra o papel para o qual foi criada: promover a soberania energética.