Petroleiros que estavam na Petrobrás em 1984 relembram tragédia que matou 37 trabalhadores em Enchova

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Marcos entrou na Petrobrás em 1982. Vitor, em 1983. Jorge, em 1976 e, portanto, era veterano quando, em 1984, a maior tragédia da indústria do petróleo no Brasil aconteceu. Todos são testemunhas do acidente de Enchova, que matou 37 trabalhadores, justamente entre os que tentavam sair da unidade em chamas, dentro de uma baleeira que despencou.

Marcos Breda, Vitor Carvalho e Jorge Nascimento foram os sindicalistas petroleiros que participaram, na última quarta-feira, da edição do programa NF ao vivo que se dedicou à memória da tragédia de Enchova e a um debate sobre as condições atuais da segurança no trabalho, fazendo um diagnóstico sobre o que a categoria e as empresas aprenderam (ou deixaram de aprender) com os chamados acidentes ampliados.

Breda, que foi coordenador do Sindipetro-NF e atualmente integra o Conselho Fiscal da entidade, lembra que a luta por segurança é permanente, nunca chega a um ideal, mas reconhece que houve melhorias em relação àquela época — lembrando também os impactos da tragédia da P-36, em 2001.

Carvalho é ex-diretor do Sindipetro-NF e integra a direção nacional da CUT. Ele contou que na época da tragédia de Enchova estava embarcado na plataforma de Cherne II e, dela, era possível ver as chamas, a aproximadamente vinte quilômetros, e a acompanhar pelo rádio as informações angustiante sobre os resgates dos corpos dos colegas de trabalho.

Nascimento, que na época era diretor do Sindicato dos Engenheiros, foi autor da denúncia que contribuiu para responsabilizar a Petrobrás no caso. Em uma entrevista à Folha de São Paulo que acabou por causar uma forte perseguição interna, pela então gestão da empresa, o sindicalista denunciou que a companhia estava negligenciando a segurança para atingir metas elevadas de produção.

“Para se chegar a um acidente como o de ontem, outros de menor gravidade devem ter sido abafados e não corrigidos, em função do crescimento da produção para atingir a meta estabelecida pela Petrobrás”, disse Nascimento ao jornal, publicado em 17 de agosto de 1984.

Ao final do programa, emocionado, Jorge Nascimento, que não atuou na base do Norte Fluminense, anunciou que faria uma homenagem aos petroleiros das plataformas da região, em memória dos companheiros de Enchova: pediu uma ficha para se filiar ao Sindipetro-NF.

Confira a íntegra do programa:

 

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