Por que ações solidárias ainda são necessárias? Ouça Podcast da Rádio NF

Os movimentos sindical e social convivem há tempos com um dilema: como organizar a luta por políticas públicas de assistência social sem desconsiderar que, como ensinou o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, “quem tem fome, tem pressa”, e não pode esperar que o Estado cumpra o seu papel? Durante a pandemia, as ações solidárias de entidades como o Sindipetro-NF e da categoria, como na Campanha Petroleiro Solidário, se ampliaram para dar conta de uma demanda social cada vez maior.

No Brasil, cerca de 15 milhões de trabalhadores estão sem emprego, o que não inclui os que sequer têm condições de estar a procura de uma vaga, os chamados desalentados. A miséria é crescente e se torna cada vez mais evidente, especialmente nos grandes centros urbanos.

O Podcast da Rádio NF desta semana, que já está em sua edição número 109, debate o tema “Por que ações solidárias ainda são necessárias?”, em conversa com o diretor do Sindipetro-NF, Alessandro Trindade, um dos organizadores da campanha “Petroleiro solidário”, que promove ações em comunidades em situação de vulnerabilidade social; com a secretária de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT, Jandyra Uehara; e com o doutor em Antropologia, Tomás Henrique de Azevedo Gomes.

Confira:

 

Debate sobre a solidariedade 

O editorial desta semana do boletim Nascente também tratou da relação entre a atividade sindical e as ações solidárias. A publicação do Sindipetro-NF registrou a preocupação de que as campanhas e demais avidades solidárias das entidades dos campos progressistas não sejam confundidas com mera filantropia ou favor. Confira abaixo a íntegra do texto:

Editorial

Solidariedade é um imperativo ético de militante

O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, ensinou que quem tem fome, tem pressa. Dilema antigo dos movimentos sociais, as ações solidárias, quando empreendidas por sindicatos como o Sindipetro-NF, precisam ter o cuidado de não serem confundidas com filantropia ou favor. Entidades sérias e progressistas jamais prescindirão da luta por direitos, previstos em políticas públicas, para que um dia não seja necessário doar cesta básica. No nosso cenário de miséria extrema, no entanto, ser solidário é um imperativo ético.

No quadro geral de desemprego e desalento, estas atividades são essenciais, estreitam laços com as populações mais vulneráveis e, se trabalhadas com respeito às pessoas e com ética — não sendo similares, portanto, a ações eleitoreiras ou motivadas por interesses personalistas e escusos — contribuem até mesmo na formação política no seu sentido mais nobre, de conscientização para a organização e a denúncia do sistema injusto que se sustenta por meio da miséria.

E todo militante sério sabe que ser solidário é ainda mais do que doar cestas básicas e atuar em ações comunitárias. É ter empatia, dignidade, atuar em todas as frentes e com todos à sua volta mantendo a coerência entre discurso e prática. Não são poucos os que se vendem como solidários e, nas salas fechadas dos seus círculos de influência e poder, atuam exatamente de modo oposto (infelizmente, são fartos os exemplos até mesmo nas religiões).

Um sindicato como o NF, portanto, se orgulha de manter ações solidárias com a consciência destes parâmetros e destes compromissos, sempre tendo no horizonte a unidade e a solidariedade da classe trabalhadora.”