Reconhecido mundialmente, Projeto Tamar não terá mais patrocínio da Petrobrás

[Rosangela Buzanelli] Na semana passada, a imprensa noticiou que o contrato de patrocínio entre a Petrobrás e o Projeto Tamar foi encerrado no início deste mês de setembro. Foram mais de 40 anos de parceria, em uma das mais vitoriosas iniciativas de preservação ambiental e conservação de tartarugas marinhas do planeta.

Segundo a reportagem, a decisão de não renovar o contrato foi da Fundação Pro-Tamar (FPT), que estaria buscando outros modelos de parceria e formas de financiamento. Entretanto, impossível não suspeitar que razões muito sérias devem ter levado a Fundação a encerrar uma parceria tão bem sucedida há décadas.

No ano passado, foram fechadas três bases de conservação de tartarugas marinhas do Centro Tamar, nas cidades de Camaçari (Bahia), Parnamirim (Rio Grande do Norte) e Pirambu (Sergipe).

Por conta da Covid-19, o Tamar suspendeu o atendimento em suas bases e ficou sem recursos financeiros proveniente das lojas e das visitas às suas sedes. A Petrobrás passou, então, a ser a principal fonte de renda da organização. Mas a gestão da estatal vem reduzindo desde 2013 os investimentos em projetos culturais, esportivos e socioambientais, o que certamente afetou também o Projeto Tamar.

Segundo levantamento do Dieese, a partir dos relatórios sociais divulgados pela empresa, esses investimentos cresceram entre 2003 e 2013, de R$ 290 milhões para R$ 779 milhões. Em 2016, foi a redução mais drástica, de 51%, atingindo em 2020 o patamar mais baixo, de R$ 112 milhões.

Em quatro décadas, o Projeto Tamar, que se estende do Ceará até Santa Catarina, conseguiu soltar 40 milhões de tartarugas marinhas nos oceanos. O programa acumula prêmios e reconhecimento internacional, sobretudo por envolver as comunidades costeiras no trabalho socioambiental.

A parceria da Petrobrás com o Projeto Tamar sempr e foi um símbolo de reparação ambiental e de preocupação com a natureza. Um legado da nossa maior empresa brasileira, que, infelizmente, vem sendo esquecido.