Refinarias da Petrobrás matam!

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Primeira mão 1151 – Dia nacional de luta em defesa da vida, nesta sexta, 22, em todo o ABAST

Na quarta-feira, 20, um jovem operador da Reman, de apenas 26 anos, morreu, após ter 75% do corpo queimado em uma explosão ocorrida no último dia 16. Em memória dele e de outras centenas de companheiros vítimas da insegurança na Petrobrás, a FUP e seus sindicatos convocam os petroleiros do Abast a participarem ativamente das mobilizações desta sexta-feira, 22, em todas as unidades de refino.
Haverá atrasos de duas horas nos turnos e neste período as direções sindicais discutirão com os trabalhadores a realização de uma mobilização mais contundente no próximo dia 02. Será uma resposta imediata da categoria à insegurança que aumentou consideravelmente no Abast, em função dos programas de reestruturação (PIDV, PLAFORT, MOBILIZA) que reduziram ainda mais os efetivos das unidades.
E enquanto a Petrobrás bate recordes de produção, operando muitas vezes acima da capacidade das refinarias, os acidentes se alastram. As gerências do Abast estão transformando as unidades em verdadeiras bombas-relógio. Diversas ocorrências vêm alertando para a gravidade do problema, mas os gestores da Petrobrás fingem que está tudo bem. E enquanto choramos os nossos mortos, eles fogem da responsabilidade, alegando que os acidentes ocorrem por descumprimento de procedimentos.
Os petroleiros precisam se posicionar e escolher de que lado estão: na luta por segurança junto com a FUP e seus sindicatos ou sendo conivente com os gestores que colocam em risco as nossas vidas, como fizeram com Antônio Rafael, que tinha apenas um ano e meio de empresa?

Antônio Rafael, presente!

Antonio Rafael Santana tinha 26 anos, era engenheiro civil, foi admitido como operador da Petrobrás, há um ano e dois meses, na Unidade de Produção de Urucu, no Amazonas. Há quatro meses, foi transferido para a Reman, em Manaus, onde vive sua família. No dia 16 de agosto, por volta das 22h50, quando deu partida no carro para fazer uma ronda na HDT¨- Unidade de Hidrotratamento da refinaria, o veículo explodiu. A suspeita é de que havia vazamento de gás na unidade. Rafael teve 75% de queimaduras no corpo e, devido ao estado grave de saúde em que encontrava-se, não pode ser transferido para o Hospital da Força Aérea do Rio de Janeiro, referência no tratamento de queimados. Na tarde desta quarta-feira, 20, ele não resistiu e faleceu.

A vida em primeiro lugar!

O acidente que resultou na morte de Antônio Rafael ocorreu no dia 16 de agosto, na mesma data em que há 30 anos outros 37 trabalhadores morreram na Plataforma de Enchova, na Bacia de Campos. Essa tragédia foi relembrada com um emocionante ato durante o XVI Confup, em Natal, quando as delegações presentes reafirmaram a urgência da categoria petroleira intensificar a luta em defesa da vida, se contrapondo à lógica dos gestores da Petrobrás que defendem a produção a qualquer preço.
Desde 1995, já perdemos 335 companheiros em acidentes de trabalho no Sistema Petrobrás. Só este ano, já tivemos seis mortes, das quais cinco com trabalhadores terceirizados. A FUP vem alertando há anos para o risco cada vez maior da ocorrência de um acidente de grandes proporções. Várias propostas de mudanças estruturais no SMS foram apresentadas às gerências executivas e à própria diretoria da empresa. Em dezembro passado, o então conselheiro eleito José Maria Rangel levou o CA a pautar esse tema pela primeira vez. Recentemente, no dia 18 de julho, a FUP denunciou ao Ministério Público do Trabalho que as refinarias estão trabalhando com carga máxima, muitas vezes acima da capacidade para a qual foram projetadas.
No entanto, apesar de todas as evidências de insegurança, os gestores da Petrobrás continuam aumentando as metas de produção, reduzindo custos, cortando efetivos, descumprindo acordos e minimizando os acidentes. Dos 8.298 trabalhadores que aderiram ao PIDV, 2.971 já saíram da empresa e, até dezembro, outros três mil farão o mesmo. Apesar da FUP ter exigido a recomposição integral destes postos de trabalho, nenhum petroleiro próprio foi admitido. O último programa de saída em massa de trabalhadores da Petrobrás foi iniciado em 1999 e terminou em 2001. Não por acaso, tivemos grandes acidentes ambientais no início dos anos 2000 e o afundamento da P-36, que causou a morte de 11 trabalhadores.

Um acidente após o outro no ABAST

19/08/2014 – acidente na RPBC queima 20% do corpo de um operador, durante um procedimento de libragem.
16/08/2014 – explosão na HDT da Reman causa queimaduras em 75% do corpo de um operador, que não resiste e morre quatro dias depois.
16/08/2014 – acidente grave na U-1530 da Reduc. Um operador realizava manobra de drenagem, quando foi atingido por mistura de MIBK/ÓLEO (produto com temperatura de 180º C), sofrendo irritações na face, pescoço e olhos.
12/08/2014 – três acidentes seguidos na Reduc: na U-2200, um terceirizado teve cortes na região do braço; na Subestação elétrica, Sub-340, trabalhador próprio teve ferimentos no rosto; na U-2500, um armador de andaime cortou o supercílio.
06/08/2014 – acidente grave na Unidade 09 de Destilação Atmosférica da Rlam: linha de VR para a E901 rompeu na entrada do forno B901, tendo como uma das consequências a parada da Unidade.
02/08/2014 – um incêndio de grandes proporções na Rlam fez o fogo chegar até o topo da torre.
01/08/2014 – trabalhador sofre descarga elétrica quando na SUB- 250 da Reduc
29/07/2014 – acidente na Unidade de Coque da Replan feriu gravemente um operador, durante um vazamento em um filtro de GOP quando foi atingido por um jato de óleo a 350ºC.
29/07/2014 – ocorrência operacional na Repar, causada por uma falha de equipamento no sistema de lubrificação do compressor de gases da Unidade de Desasfaltação e Craqueamento Catalítico Fluidizado (DCCF).
03/07/2014 – trabalhador é ferido durante explosão de uma válvula de oito polegadas na Reduc, em uma linha de vapor de baixa pressão da U-1320.
01/07/2014 – uma pane no sistema elétrico causou a parada geral da Regap. Um disjuntor desarmou e derrubou toda refinaria.
26/06/2014 – vazamento de catalisador, em torno de 700°C, na U-0003 do CCF1 da Regap, em função de uma erosão no equipamento. Tentaram soldar a peça, com a unidade em pleno funcionamento.
21/05/2014 – explosão seguida de incêndio na casa de analisadores da unidade de Hidrotratamento e Reforma Catalítica (HRC) da Repar quase atingiu os operadores que estavam na Casa de Controle Local (CCL), há cerca de 10 metros do local da explosão.
03/02/2014 – acidente na Regap: um guindaste de 120 toneladas tombou atingindo em cheio o tanque 116B contendo CAP. Por sorte, o tanque resistiu ao peso da lança, danificando a borda superior, sem que vazasse o produto.
21/01/2014 – vazamento de nafta e H2S na Regap, em função de problemas com o compressor 101-K01B.
04/01/2014 – incêndio durante teste de compressor na Regap causou um “flasheamento”, que durou cerca de 15 minutos, assustando os trabalhadores. A brigada foi acionada e o fogo, debelado pelos operadores.
04/01/2014 – Unidade de Coque da Reduc pegou fogo após a gerência ter aumentado em 20% a carga da produção. O incêndio paralisou a unidade.
03/01/2014 – trabalhador terceirizado da Refap sofreu politraumatismos, após cair de uma altura de dez metros, dentro de um tanque da refinaria, que passava por manutenções.
29/12/2013 – Vazamento de cloro na U-223 da Regap .
27/12/2013 – incêndio no laboratório da Reduc.
01/12/2013 – explosão na Unidade de Craqueamento Catalítico (UFCC) da Reman, durante parada para manutenção, fere gravemente três trabalhadores.
01/12/2013 – explosão de compressor na U–1540 da Reduc.
03/12/2013 – vazamento de H2s na Regap (U-108).
24/11/2013 – explosão de um compressor da Reduc feriu gravemente um trabalhador e interrompeu a produção da U-1720, devido a uma sobrecarga elétrica.
28/11/2013 – explosão na Repar parou por 22 dias a refinaria.