GREVE 2025

Greve petroleira ganha grande repercussão nacional e Brasília começa a pressionar Magda

A greve dos trabalhadores da Petrobrás, que chega hoje ao sexto dia, atingiu um patamar que ultrapassa os limites das plataformas marítimas e das unidades em terra e já provoca preocupação no alto escalão do governo. Segundo o coordenador-geral do Sindipetro-NF, Sérgio Borges, interlocutores de Brasília passaram a procurar a presidente da companhia, Magda Chambriard, questionando “o que está acontecendo na empresa e até onde essa greve vai”, diante da forte adesão e da ampla repercussão do movimento.

De acordo com Borges, a mobilização começou de forma intensa, especialmente nas plataformas. Ele comparou o cenário atual a grandes greves do passado, ressaltando que, desta vez, a adesão se consolidou rapidamente. “Essa greve se iniciou de forma muito forte”, afirmou.

Segundo o dirigente sindical, já nos primeiros dias houve mobilização significativa, com protocolos aprovados e trabalhadores solicitando desembarque. Na Bacia de Campos, na terça-feira (16), segundo dia do movimento, a greve já contava com a adesão de 100% das plataformas operadas pela Petrobrás.

O sindicalista explicou que, apesar de a produção não ter sido imediatamente impactada, o que se deve ao uso de equipes de contingência, essa capacidade de contra-ofensiva da empresa tem prazo limitado. “A empresa conseguiu segurar o impacto inicial na produção, mas a gente sabe que essas equipes de contingência têm limite. Elas não aguentam muito mais do que uma semana”, alertou.

Para ele, a Petrobras não se preparou adequadamente para um movimento dessa dimensão, tanto nas plataformas quanto nas bases operacionais de terra. Citando o terminal de Cabiúnas, ele destaca que esta é a “primeira greve realizada com turnos de 12 horas”, o que amplia o desgaste das equipes de contingência. “No turno de 12 horas, a contingência também tem limite. Eles não vão aguentar. A primeira semana a empresa até leva, mas depois começam a aparecer os problemas”, afirmou.

Além do impacto operacional, a greve ganhou grande visibilidade pública. Segundo o coordenador do Sindipetro-NF, a repercussão na mídia foi decisiva para levar o tema ao centro do debate político. “A greve tomou uma proporção muito grande. Chegou a Brasília, e vários interlocutores entraram no circuito para chamar a presidente da Petrobrás”, relatou.

Borges afirmou ainda que o governo federal já sinalizou preocupação com a continuidade do movimento. “O governo não quer que essa greve se estenda, isso já foi dado como recado”, disse. No entanto, ele ressalta que a solução depende diretamente da postura da empresa nas negociações.

Para o dirigente sindical, as reivindicações dos trabalhadores são legítimas e precisam ser tratadas com seriedade. “Nós temos nossos pleitos, são pleitos legítimos, principalmente porque estamos falando da empresa mais lucrativa do Brasil”, declarou, reforçando que qualquer desfecho passa por uma proposta concreta da Petrobrás que atenda às demandas da categoria.

Enquanto isso, o sindicato mantém a mobilização e avalia que, com o esgotamento das contingências, os efeitos da greve tendem a se intensificar nos próximos dias, aumentando a pressão por uma solução negociada.

Confira abaixo a avaliação do movimento feita por Borges, ontem, durante encontro com trabalhadores grevistas da base de Cabiúnas, na sede do Sindipetro-NF, em Macaé.