A greve nacional dos petroleiros e petroleiras já provoca impactos significativos no faturamento da Petrobrás. A avaliação é do economista Cloviomar Cararine, do Dieese, que participou na última sexta-feira (20) do programa NF Ao Vivo, transmitido diariamente pelo Sindipetro-NF.
Durante a entrevista, Cloviomar contestou a narrativa da empresa de que as paralisações não geram prejuízos e afirmou que a estratégia de contingência adotada pela gestão tem sido mais danosa do que a própria greve. “Em quase 20 anos acompanhando a categoria, nunca vi uma resposta tão rápida, unida e forte ao chamado dos sindicatos”, destacou, ao saudar a mobilização dos trabalhadores.
Falta de diálogo aprofunda crise
Segundo o economista, a atual greve é continuidade de embates recentes e representa um recado direto à gestão da Petrobras. Para ele, a ausência de diálogo e a resistência em negociar empurram a categoria para a paralisação em diversos setores estratégicos, como Exploração e Produção (E&P), refino e fábricas de fertilizantes.
Cloviomar também criticou a incapacidade da direção da empresa em conduzir negociações efetivas, o que, segundo ele, contribui para resultados operacionais e financeiros negativos.
Impactos da greve no faturamento
Embora os dados oficiais da ANP levem cerca de uma semana para serem divulgados, levantamentos preliminares do Dieese e do Sindipetro-NF, com base em informações das unidades, já indicam perdas expressivas:
Queda na produção: cerca de 300 mil barris de petróleo e gás acumulados nos primeiros seis dias de greve;
E&P: redução estimada de US$ 18 milhões por dia, o equivalente a aproximadamente R$ 100 milhões diários;
Refino: perdas em torno de R$ 90 milhões por dia;
Total parcial: aproximadamente R$ 200 milhões por dia, considerando apenas E&P e refino, sem incluir impactos em áreas como Transpetro, TBG e PBio.
O economista chamou atenção para o contraste entre o custo da greve e o valor das reivindicações. A proposta apresentada pela empresa prevê reajuste de apenas 0,5%, o que representaria um impacto de cerca de R$ 85 milhões por ano. “Em um único dia de greve, a Petrobrás perde mais do que o dobro disso”, comparou.
De acordo com Cloviomar, o valor anual do reajuste equivale a apenas um terço do que a empresa deixa de faturar diariamente com a paralisação. “É um prejuízo que poderia ser evitado com a abertura de uma mesa de negociação séria e efetiva”, concluiu.
O economista reforçou que a insistência da gestão em não dialogar tende a aprofundar ainda mais as perdas da empresa neste mês de dezembro, além de prolongar um conflito que poderia ser resolvido pela negociação coletiva.











