NF apoia projeto que promove cidadania por meio do esporte no bairro de Donana

Em um bairro campista que leva o nome de Donana, em homenagem a Ana Gregória de Gusmão Miranda Pinto, uma fazendeira pouco típica para a época que decidiu libertar, em seu aniversário de 29 de janeiro de 1888 (alguns meses antes da Lei Áurea, portanto), os 111 escravizados das suas terras e que manteve um abrigo para 105 órfãos, o Sindipetro-NF apoia uma iniciativa que mantém o sonho da emancipação e de um futuro melhor para dezenas de crianças.

Passados mais de 130 anos, esse futuro não é mais construído sob o jugo da servidão ou da caridade. Agora, a emancipação é construída pelo esporte e pelo reforço dos laços comunitários, em projeto liderado pelo Donana Futebol Clube, um time criado em 1972 que vai além do entretenimento e desperta no bairro sentimentos de pertencimento e de cidadania.

“O projeto atende em torno de 60 crianças e existe há mais ou menos a cinco anos. Paramos por dois anos por causa da pandemia e retornamos em 2022. O Sindipetro-NF apoia um salário mínimo mensal, pois nenhuma criança paga nada, é totalmente gratuito”, afirma Alcimar Soares Licasalio, 53 anos, vice-presidente do Donana F.C..

Para o diretor do Sindipetro-NF, Guilherme Cordeiro, que tem atuado em nome do sindicato nos patrocínios e apoios a projetos que envolvem o futebol amador em Campos dos Goytacazes, a relação entre a entidade e os times promove uma aproximação com as comunidades, permitindo que também aconteça uma formação política.

“A importância do sindicato se envolver com esses projetos sociais e esportivos é a interação que o sindicato promove junto à comunidade, fazendo a conscientização política dos participantes, sejam eles os que estão à frente do projeto ou sejam eles os contemplados pelo projeto. É uma forma da gente politizar a sociedade com nossas pautas e com nossos pleitos”, afirma o sindicalista.

Cordeiro também avalia que este processo de formação precisa estar direcionado no sentido crítico e transformador: “É extremamente importante o sindicato fazer esse processo de formação com a sociedade, a fim de contribuir para a transformação social e por uma sociedade mais reflexiva e questionadora”.

O pesquisador Genilson Paes Soares, que forneceu as informações sobre Ana Gregória para esta matéria, afirma que “apesar de tombado pelo Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] em 1943, o prédio do solar e engenho de sua fazenda não mais existe e deve ter sido demolido na década de 1960. Pelo menos o local hoje deixaria feliz a saudosa baronesa, pois foi construído o Colégio Estadual Desembargador Álvaro Ferreira Pinto”.

Provavelmente a deixaria igualmente feliz saber que a tradição de investir no futuro também se manteve no bairro por meio de um projeto como o do Donana Futebol Clube.

[Fotos: Acervo do Donana F.C.]

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