É possível que o Borussia Dortmund, o time alemão, não tenha notícia da existência de uma equipe homônima em Campos dos Goytacazes (RJ) que, se depender do entusiasmo dos seus jogadores, também chegará a disputar grandes ligas. É o Borussia CDM, do distrito de Goitacazes, que tem se destacado nos campeonatos amadores locais e passou a contar com o apoio do Sindipetro-NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense) em algumas das suas atividades.
Uma das mais recentes foi uma partida contra o time do América, no Estádio Municipal de São João da Barra (RJ), quando estenderam a faixa “Privatizar Faz Mal ao Brasil”, do sindicato e da FUP (Federação Única dos Petroleiros), para divulgar os riscos do desmonte do estado brasileiro.
Essa mistura de conscientização política e futebol amador na região tem sido acompanhada mais de perto pelo diretor sindical petroleiro Guilherme Cordeiro, que tem feito os contatos com os pequenos clubes. Ele identifica um grande potencial de diálogo entre a entidade e as comunidades onde estes times estão inseridos.
“Através do Petroleiro Solidário [uma campanha solidária da FUP e seus sindicatos], a diretoria e os petroleiros tiveram uma entrada maior, uma participação nas comunidades mais pobres, atingidas especialmente pelo valor do gás de cozinha”, afirma Cordeiro.
O diretor explica ainda que, no caso do Borussia campista, a contribuição inicial da entidade para o transporte para o jogo no município vizinho “abriu caminho para fazermos a divulgação da luta contra a privatização, mostrar a importância de uma Petrobrás pública e qual a relação que isso tem com o cotidiano das pessoas”. O sindicato também passou a patrocinar o uniforme do clube.
Para o presidente do time, Deyvison Crespo Azeredo, um representante comercial de 32 anos, a parceria com o Sindipetro-NF é um “um grande incentivo para todos poderem conhecer a importância que a Petrobrás tem no nosso presente e no futuro, com geração de empregos e desenvolvimento nacional. Temos grandes exemplos de moradores que trabalham em plataforma”.
Papel comunitário
Ele explica que o futebol tem sido um instrumento importante de mobilização comunitária. “Temos projetos de viagens com o esporte e festas do time, liberadas para todos da comunidade e de bairros vizinhos. Junto à associação de moradores na área esportiva da comunidade promovemos eventos e lazer para todos”, relata.
Para isso, os apoios são fundamentais. Além de transporte e o uniforme, como proporcionado pelo NF, o dirigente do clube lista a necessidade de contribuição com outros materiais esportivos. Algumas parcerias têm sido firmadas também com o comércio local, o que estimula o sentimento de pertencimento comunitário.
A história do time
O Borussia CDM nasceu em março de 2018, por iniciativa de um grupo de amigos amantes do futebol. Azeredo conta que “isso cresceu tanto que hoje temos mais de 200 torcedores e pessoas que nos apoiam muito, mais e mais cada dia que passa”.
Logo no primeiro ano, o time disputou o primeiro campeonato regional e se sagrou campeão invicto. Após esse campeonato houve um período de amistosos e a paralisação em razão da pandemia de Covid-19.
“Nosso time se enquadra na categoria de jogadores de 16 a 35 anos. Em média fazemos de 30 a 40 jogos no ano e desde que surgimos no futebol somos considerados uma grande potência no futebol amador”, orgulha-se o dirigente da equipe.
Porque Borrussia
Ao contrário do que pode parecer, o nome Borussia não nasceu de uma intenção tão clara em homenagear o time alemão. Apenas foi o que veio à cabeça de um dos fundadores na conversa em que discutiam como chamar a equipe. E o “CDM” é só uma contração de “Condomínio”, como explica Azeredo:
“O nome do time é Borussia CDM e surgiu em meio à idéia dos fundadores do time. Pensando em um nome foi falado desse nome “Borussia”. E o CDM é porque os fundadores do time moram numa vila que eles chamam de condomínio. Então batizamos o time com esse Borussia e o CDM, com a sigla representando o nome condomínio. Não temos nenhuma relação com o Borussia da Alemanha”.
Ninguém pode duvidar, no entanto, que o Borussia CDM ainda há de revelar craques para o futebol profissional brasileiro e, quem sabe, até para o homônimo europeu.
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[Fotos: acervo do time]