A Petrobras voltou a surpreender a categoria petroleira ao encaminhar, por volta das 13h desta terça-feira, uma nova minuta do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), justamente quando a assessoria jurídica do Sindipetro-NF já estava finalizando o escrutínio da versão anterior enviada pela empresa. Com a mudança, todo o processo de análise precisou ser reiniciado para verificar, linha a linha, as alterações feitas no novo documento.
O envio da nova minuta ocorre menos de 24 horas após a Petrobras ter apresentado à categoria uma minuta de contraproposta para avaliação. No entanto, ainda no início da tarde de hoje, a empresa encaminhou um novo texto, obrigando o sindicato a suspender reuniões internas e reorganizar o cronograma de debates e deliberações. A diretoria do Sindipetro-NF esteve reunida ao longo da tarde e, neste momento, participa de plenárias em Campos dos Goytacazes e Macaé para dialogar com os trabalhadores e trabalhadoras sobre os rumos do movimento.
No nono dia de greve, o movimento segue forte no Norte Fluminense. Trabalhadores das plataformas P-62 e P-19 aderiram ao movimento e não realizaram embarque, reforçando a paralisação nas unidades marítimas.
Estratégia recorrente da empresa
Na Plenária que aconteceu em Macaé, o coordenador geral do Sindipetro-NF, Sérgio Borges, criticou duramente a postura da Petrobras, destacando que a prática de enviar minutas sucessivas, em momentos decisivos, não é nova. Segundo ele, a assessoria jurídica do sindicato trabalhou durante a madrugada para analisar os documentos recebidos, mas foi surpreendida com o novo envio poucas horas depois.
“A gente só vai dar indicativo depois de ter a totalidade da minuta. A empresa vem usando o tempo de apresentação das propostas contra a categoria. Faz isso em momentos decisivos: no meio de assembleias, perto de votações importantes ou durante a greve”, afirmou Sérgio. Ele lembrou episódios anteriores em que mudanças de texto geraram conflitos e prejuízos aos trabalhadores, reforçando que a conferência minuciosa de cada palavra é fundamental para evitar armadilhas no acordo final.
Sobre a nova minuta, o coordenador explicou que o trabalho agora é colocar os dois textos lado a lado para identificar exatamente o que foi alterado. “Pode ser uma correção de português, mas também pode ser a inclusão de uma ‘pegadinha’ no meio do texto. A gente já viveu situações em que uma minuta errada quase gerou um problema sério para a categoria”, alertou.
Unidade da categoria
Sérgio Borges também chamou atenção para o risco de divisão entre sindicatos e bases. Ele informou que, embora alguns sindicatos estejam aprovando a proposta, há casos em que a base rejeitou o indicativo das direções, como ocorreu em Minas Gerais e no Ceará/Piauí, onde os trabalhadores decidiram manter a greve. Para ele, a tentativa de fragmentar a categoria faz parte da estratégia da empresa. “Não podemos cair na armadilha de colocar um sindicato contra o outro, porque a nossa força está na unidade”, destacou.
Próximos passos
A direção do NF reforça que qualquer encaminhamento só será feito após a análise completa e definitiva da nova minuta do ACT, garantindo segurança jurídica e transparência para toda a categoria.
Até lá, o sindicato segue dialogando com os trabalhadores nas bases e acompanhando de perto os desdobramentos da negociação e do movimento grevista.











