GREVE 2025

Petroleiros do Norte Fluminense suspendem greve e aprovam acordo coletivo em assembleia histórica no Teatro Trianon

A categoria petroleira do Norte Fluminense suspendeu, hoje, em assembleia no Teatro Municipal Trianon, em Campos dos Goytacazes, a greve iniciada no último dia 15 em todas as bases do país. Os trabalhadores e trabalhadoras aprovaram o indicativo do Sindipetro-NF, de encerramento do movimento e de aceitação da mais recente contraproposta da Petrobrás para o Acordo Coletivo de Trabalho.

Na assembleia, a categoria também aprovou a manutenção do Estado de Assembleia Permanente e o Estado de Greve, para garantir que a Petrobrás cumpra as cartas-compromisso enviadas ao sindicato, no esforço de diálogo empreendido pela entidade para superar impasses que levaram ao movimento, além de desconto assistencial para o sindicato de 1% sobre o salário líquido, em três parcelas.

“A greve cumpriu o seu papel. Nós conseguimos, através dessa mobilização, reafirmar nossa independência política e sindical. Tinha gente que ameaçou, que chegou a duvidar que iríamos fazer greve no governo Lula. E nós fizemos. E fizemos uma greve muito linda, porque entendemos que, independente do governo que esteja, nós temos um lado. Sem deixar de levar em consideração os compromissos com a democracia brasileira, porque a gente sabe que do outro lado é barbárie, é neoliberalismo, é fascismo, é bolsonarismo. Então a gente consegue sim apoiar o governo e fazer greve contra ele quando a gente entende que a proposta da empresa não é suficiente”, explicou o coordenador-geral do Sindipetro-NF, Sérgio Borges.

Cerca de 500 petroleiros participaram da assembleia, a maior da categoria petroleira neste ano. O indicativo de suspensão de greve e aprovação do acordo foi aprovado com 446 votos favoráveis, 43 contrários e 06 abstenções. O indicativo de desconto assistencial foi aprovado com 467 votos, 14 contrários e 14 abstenções.

A categoria assistiu a uma apresentação (disponível no final da página) sobre as conquistas do Acordo Coletivo nesta Campanha Reivindicatória, organizada pelo economista do Dieese, Cloviomar Cararine, e participou de debates e esclarecimentos.

A contraproposta da Petrobrás trouxe avanços conquistados na luta petroleira, com 83 mudanças redacionais ou novos benefícios, explicou Cloviomar.

O assessor jurídico, Normando Rodrigues, fez um histórico das lutas jurídicas empreendidas pela categoria, especialmente as que envolveram Dissídios Coletivos, que era a opção iminente se o movimento de greve não fosse suspenso e o acordo aceito. De acordo com o advogado, as negociações e julgamentos mediados no TST (Tribunal Superior do Trabalho) costumam ser desfavoráveis aos trabalhadores, além de extinguirem a historicidade das cláusulas do Acordo.

“O tribunal reproduz a cláusula que considera histórica. Só que ele reproduz uma vez, quando há a sentença do dissídio coletivo, que é a sentença normativa. No ano seguinte, se houver outro dissídio, já não tem cláusula histórica, porque não é fruto de negociação, é fruto da sentença do próprio tribunal”, explicou o advogado.

Além do coordenador Sérgio Borges, integraram a mesa que coordenou a assembleia os diretores sindicais Guilherme Cordeiro, Matheus Nogueira, Tezeu Bezerra e Antônio Carlos Alves (Tonhão), além do assessor jurídico Normando Rodrigues.

A greve petroleira de 2025 entra para a história como uma das maiores da categoria. Iniciada à 0h do último dia 15, a paralisação durou 16 dias na base do Norte Fluminense, a última entre as representadas por entidades filiadas à FUP (Federação Única dos Petroleiros) a suspender o movimento.

A grande força do movimento foi destacada por diveras falas dos trabalhadores. Já no segundo dia da greve, 100% das plataformas operadas pela Petrobrás na Bacia de Campos haviam entrado na greve. Na base de Cabiúnas houve corte de redição e realização de atos. Nas bases de Imbetiba e do Parque de Tubos houve adesão em segmentos isolados do administrativo.

Durante todos os dias da greve, centenas de trabalhadores se concentraram nas sedes do sindicato em Campos dos Goytacazes e Macaé. No início da manhã, os grevistas se dividiam em grupos que seguiam para a realização do trabalho de convencimento nas bases, no Heliporto do Farol e no Aeroporto de Macaé.

 

[Fotos: Luciana Fonseca e Vitor Menezes/ Imprensa do NF]