Petroleiros e petroleiras em greve participaram, na tarde de hoje, nas sedes do Sindipetro-NF em Campos dos Goytacazes e em Macaé, de plenárias simultâneas para dialogar com a direção sindical sobre o momento da paralisação, que entrou no seu oitavo dia.
A categoria segue em greve enquanto a Petrobrás não avançar na formalização do atendimento a reivindicações apontadas pela FUP (Federação Única dos Petroleiros). Desde ontem, a FUP está em Conselho Deliberativo para avaliar o seu indicativo para o movimento e o Acordo Coletivo de Trabalho.
Diferentemente das assembleias, as plenárias não têm caráter deliberativo e servem mais para debates estratégicos e esclarecimentos de dúvidas.
Macaé
Em Macaé, a plenária foi conduzida pelo coordenador do Departamento de Comunicação, Johnny Souza que fez uma leitura completa das propostas apresentadas pela empresa. O Assessor Jurídico do NF e da FUP, Normando Rodrigues, que esteve presente na reunião esclareceu uma série de dúvidas da categoria.
Em seu comentário inicial, Normando alertou à categoria que “a Petrobras nunca é honesta nas negociações. A empresa nunca joga limpo. O que está no papel — seja em comunicados, sínteses de proposta ou apresentações feitas pela empresa — não corresponde necessariamente ao que será efetivamente escrito no Acordo Coletivo de Trabalho que ela vai apresentar depois.
Por isso, esclareceu a importância de aguardar a proposta e os termos de compromisso chegarem por escrito para que a assessoria jurídica avalie e debata com a direção sindical.
“É fundamental analisar cada linha, cada palavra, não apenas essa “sombra” de proposta que foi apresentada, para termos certeza do que a empresa realmente pretende e, principalmente, se há ali algum mecanismo para impedir ou esvaziar processos judiciais em curso. Esse cuidado é essencial para que a categoria não seja prejudicada mais uma vez” – afirmou.
Ao tratar do dissídio coletivo, o assessor jurídico explicou que esse instrumento representa sempre um risco para os trabalhadores, já que transfere ao Judiciário a decisão sobre direitos historicamente conquistados. Normando lembrou que cláusulas consideradas “históricas” costumam ser mantidas apenas uma vez pelo Tribunal e que, em dissídios seguintes, podem ser retiradas, como já ocorreu em diversos momentos da história da categoria. Alertou ainda que a simples ameaça de dissídio já funciona como forte pressão sobre os trabalhadores.
Normando também reforçou que a greve é um direito constitucional e legítimo da categoria, sendo um instrumento fundamental de pressão quando a negociação não avança. Segundo ele, quanto maior a organização e a mobilização dos trabalhadores, menor é o risco de perdas no dissídio e maior a capacidade de defesa dos direitos.
Também participaram da Plenária em Macaé, os diretores Benes Júnior, Tadeu Porto – que também é diretor da CUT Nacional – Alessandro Trindade – diretor da CUT/RJ -, Marcelo Nunes, Jancileide Morgado e Giovana Soares.
Campos dos Goytacazes
Em Campos, o coordenador-geral do Sindipetro-NF, Sérgio Borges, fez uma retrospectiva dos últimos dias do movimento e informou que, no mesmo momento em que falava, acompanhava o Conselho Deliberativo da FUP, com expectativa de que na noite de hoje a gestão da Petrobrás formalize propostas que foram apresentadas apenas por meio de um power point às entidades.
Em avaliação preliminar, Borges considera que a empresa ainda precisa avançar no atendimento às reivindicações da categoria. Após saudar a plenária lotada com um “Vamos continuar em greve ou não vamos?”, e a categoria responder “sim”, ele complementou com um “é isso aí, isso que eu quero ouvir”.
“Na proposta colocada para o Conselho Deliberativo [da FUP] que começou ontem ficaram faltando itens que dialogam com nossos principais eixos. E a FUP foi buscar essa resolução desses problemas chaves e apontar os problemas de cada base. No Conselho, na nossa fala, a gente apontou quais são os principais problemas que a gente enfrenta aqui”, explicou o sindicalista.
“A gente apontou a necessidade de uma pauta local específica de Macaé, que é a incorporação dos trabalhadores de Cabiúnas, a gente trouxe pautas de todos os trabalhadores, inclusive o regime administrativo, e a gente colocou também a pauta da nossa principal base, da maioria de vocês estão aqui, as pautas offshore”, adicionou.
Borges lembrou que trabalhadores offshore foram ao longo do ano atacados “e têm que olhar para a proposta da Petrobrás e ver que alguma coisa evoluiu”.
“Esse é o nosso pleito. Não é nada demais, não. É tirar os bodes de sala, alguns dos quais a empresa já tirou, e resolver sinalizar, apontar algumas questões para a gente caminhar. Enquanto isso não ocorre, a gente permanece em greve”, esclareceu.
O coordenador-geral orientou ainda que até que aconteça um indicativo para avaliação em assembleia, está mantida a orientação feita desde o início do movimento, de entrega da plataforma e não trabalho em outras bases.
“O indicativo é entrega da plataforma, solicitação de desembarque e ficar aqui com a gente. E quem está chegando para embarcar ou quem estava de folga nos turnos se apresenta no sede do sindicato, que aqui a gente vai fornecer toda a logística, estrutura, alimentação para continuar na greve e vamos fortalecer os piquetes, vamos fortalecer os convencimentos, as vigílias, que agora a gente vai começar a implementar vigílias e vamos continuar em greve até que uma nova decisão seja tirada em assembleia. Até lá a gente continua em greve”, afirmou.
Além do coordenador-geral, participaram da plenária na sede de Campos os diretores Luiz Carlos Mendonça — que fez uma exposição aos grevistas sobre a luta contra a exposição ao Benzeno —, Guilherme Cordeiro, Cleverton Lima e Robson Botelho.











