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Dieese: Trabalhadores negros Artigos Artigos ainda recebem salários menores Das regiões metropolitanas estudadas, Salvador concentra a maior desigualdade O os não negros. No Brasil, negros recebem, em média, O Departamento Intersindical de Estatística e 63,89% do salário dos não negros e se concentram no Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou na última terça-feira (13) o estudo “Os negros no trabalho”, em Quanto ao setor de trabalho, negros estão con- que traça o panorama do acesso ao trabalho em rela- setor de serviços (com 56,1% dos trabalhadores no País). ção à cor dos grupos de trabalhadores. O boletim é re- centrados em atividades de grande esforço físico, em ferente ao período compreendido entre 2011 e 2012. que exercem movimentos repetitivos e têm pouca mar- As informações, apuradas pelo Sistema de Pes- gem para decisões e criatividade. Alguns exemplos de quisa de Emprego e Desemprego (PED), foram colhi- profissões citadas no estudo são: alfaiates, camiseiros, das no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de costureiros, pedreiros, serventes, pintores, caiadores, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salva- vendedores, frentistas, repositores de mercadorias, dor e São Paulo. faxineiros, lixeiros e empregados domésticos. Desemprego e desigualdade Escolaridade A taxa de desemprego na população economica- Ainda segundo o boletim, os negros têm menor mente ativa composta por negros (pretos e pardos) di- escolaridade. No período de 2011 a 2012, 27,3% dos minuiu de 13,8% em 2010 para 11,9% em 2012. Mas, afro-brasileiros empregados não tinham concluído o en- segundo o Dieese, o motivo é a geração de postos de sino fundamental e 11,8% contavam com o diploma de trabalho para toda a população, uma vez que a propor- ensino superior. Entre os não negros, esses percentuais ção de negros economicamente ativos conservou-se em eram de 17,8% e de 23,4%, respectivamente. níveis praticamente constantes no período. Em teoria, à medida que aumentam os níveis de escola- “O que aconteceu foi a diminuição do desempre- ridade, a desigualdade no mercado de trabalho deveria go tanto para a população negra quanto para a popula- ser reduzida. No entanto, mesmo nos casos em que os ção não negra. Se observar, a taxa de desigualdade não negros poderiam estar em desvantagem, eles são continua entre os grupos, mas temos a impressão de favorecidos com a possibilidade de retorno aos estudos, que diminuiu”, afirma Adriana Marcolino, socióloga e o que seria mais difícil para os negros. técnica do Dieese. Para a secretária de Combate ao Racismo da CUT, A taxa de desemprego de não negros (brancos e Maria Júlia Nogueira, o estudo demonstra que as políti- amarelos) caiu de 10,2% em 2010 para 9,2% em 2012. cas afirmativas para a população negra têm papel im- portante na sociedade brasileira. Segundo a dirigente, Regiões Metropolitanas são estudos como o do Dieese que ajudam a embasar a A população negra empregada nas regiões me- sociedade e direcionar as próximas ações de luta. “Esse tropolitanas estudadas somava 48,2% do total. Porém, estudo contribui para o direcionamento das estratégias sua remuneração era de, no máximo, 63,9% do valor e ações da CUT sobre o tema. É um documento impor- recebido pelos não negros. tante para o aprofundamento deste debate por todo o Entre as regiões, a menos desigual é a de Fortaleza, país e um subsídio fundamental para fortalecimento de onde negros recebem até 75,66% do salário de não ne- nossa luta e diálogo com o poder público”, afirma. gros. Na região metropolitana de Salvador está a maior disparidade: negros recebem, em média, 59,86% do que Dieese 18 18 Imagem Imagem