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Socioeconômicos (Dieese) mente à discussão. Trata-se da REFORMA AGRÁRIA É
Cloviomar Cararine. renovação da política de reajuste QUASE PÁGINA VIRADA
Enquanto isso, especialistas de do salário mínimo.
consultorias financeiras falam em Reajustado conforme a Lei 12.382 A reforma agrária já não é mais
“ano ruim” para a economia em de 2011, essa política de correção apenas um sonho dos movimentos
2015 pois é preciso “arrumar a do vencimento mínimo ao qual sociais, virou um sonho distante.
casa”. Na mesma toada, alguns tem direito o trabalhador brasilei- Bem distante. Até mesmo a ex-
sugerem “aumento de imposto” ro expira em 2015. P ela legislação, pressão “latifundiário”, que
para acertar as contas do governo o salário corresponde à variação denunciava os grandes donos de
– contas, nesse caso, favoráveis do Produto Interno Bruto (PIB) do terras improdutivas, desapareceu
aos especuladores e não aos ano retrasado com o acréscimo da do vocabulário e foi substituída por
trabalhadores. inflação (INPC) do ano anterior . “ruralista”. Algo que soa mais leve
“A economia é uma engrenagem, A presidenta Dilma Rousseff já aos ouvidos. Para muitos, a refor-
você tem que impulsionar para que garantiu a manutenção dessa ma agrária foi enterrada em algum
ela gire. O governo tem impulsio- política. “É uma sinalização do palmo de terra no interior do
nado pelo lado da demanda, Brasil.
estimulando as famílias”, explica o governo, dizendo que além da De qualquer forma, para os próxi-
economista do Dieese. Assim, o geração de emprego há preocupa- mos quatro anos, a perspectiva do
consumo é a chave que aciona o ção com o nível de renda das Movimento dos Trabalhadores
sistema. famílias”, expõe Cararine. Rurais Sem Terra (MST), um dos
E o que vai lubrificar essa engre- Nos últimos 12 anos, essa política maiores grupos na luta pela
nagem, para que ela continue em conseguiu com que o salário
um ritmo constante, é justamente mínimo tivesse ganho real (acima redistribuição de terras, é tomar
a geração de emprego e a garantia da inflação) de 70%. P elo menos a as ruas. Pressionar o governo
de renda aos trabalhadores. P ara o valorização do vencimento, no que federal.
ano que vem, uma das mais depender dos sinais emitidos pelo “Esses quatro anos devem ser um
significantes bandeiras das cen- governo, parece estar garantida período de mudança. A gente tem
trais sindicais voltará obrigatoria- aos trabalhadores. que voltar com força para a rua
com unidade com a classe trabalha-



Abr
"Dilma terá diálogo intenso com os movimentos sociais"


Após deixar o Senado – tendo estado 24 anos por lá – depois de ser
derrotado nas eleições por José Serra (PSDB), Eduardo Suplicy (PT)
mantém o otimismo quanto às projeções para os próximos quatro
anos do governo petista. Ele acredita em conversas constantes de
Dilma Rousseff com sindicatos e até mesmo que a lei do R enda
Básica de Cidadania – defendida historicamente pelo senador –
pode, enfim, ser praticada no Brasil. Confira trechos da entrevista
que a revista IMAGEM fez, por telefone, com o senador .

O cenário e a equipe econômica do governo Dilma vão permitir
que a presidenta seja sensível às reivindicações da pauta traba-
lhista?
Suplicy - Acredito que sim. Ela disse que vai ter diálogo intenso
com os movimentos sociais, com os trabalhadores, com os jovens.
E acho que vai procurar tomar decisões que levem em conta as
aspirações das centrais sindicais, do MST, dos movimentos por
moradia. Também vai continuar a trabalhar para o aperfeiçoamento



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