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vrões. Isso é de um machismo mente para as novas gerações de da política nacional, quando
inaceitável e revela o quanto ainda profissionais, "Salvo algumas temos um governo oriundo da
temos que enfrentar o debate exceções, alguns jornalistas que se classe trabalhadora” - diz.
sobre as questões de gênero e a credenciaram ao longo de suas De fato, são raras as vezes em
luta pelos direitos e reconhecimen- carreiras, e até passaram a ter um que a grande imprensa tem os
to das mulheres." valor de mercado, quem sai da sindicalistas e representantes do
O ex-sindicalista e escritor, Vito faculdade é tragado por uma movimento social como fontes
Gianotti, no entanto, apesar de subcultura jornalística. Os profissi- para tratar de temas de interes-
reconhecer uma pressão de tons onais têm de absorver uma deter- se dos trabalhadores. Nas poucas
golpistas da mídia, não acredita minada linguagem e técnicas de vezes em que isso acontece, a
que haja um golpe em curso. "Os produção que são ditadas pelo pauta dos jornalistas da grande
militares estão tranquilos, felizes mercado e ensinadas nas próprias imprensa é a cobertura de uma
da vida. Não vejo movimentos de escolas. O resultado dessa forma- greve ou manifestação, que são
insatisfação com a política atual". ção acrítica é a burocratização da tratadas, na imensa maioria dos
Na opinião de Gianotti, a grande profissão." casos, como atividades que
maioria dos setores econômicos Celso acredita que há uma crise prejudicam a população.
está favorável a política econômica conceitual na imprensa brasileira.
do governo."Os empresários nunca Para ele, é necessário que se UMA QUESTÃO DE CLASSE
ganharam tanto dinheiro como nos defenda a função social do jorna-
últimos dez anos. E se eles ganham lismo, que independente das Vito Gianotti chama atenção
dinheiro, não vão querer um golpe. posições políticas de seus veículos, para o caráter classista da
A grande mídia vai estabilizar ou produza um noticiário que possibi- indústria de mídia no Brasil.
desestabilizar, colocar, tirar ou lite a divergência e a Assim como como acontece em
infernizar a vida de um governo contraposição de ideias e garanta qualquer setor da economia
porque atrás dela estão os interes- a democracia capitalista, os grandes empresá-
ses dos grupos econômicos", institucional."Independente de rios cuidam exclusivamente de
analisa. nossas posições, o que nos une é a seus interesses enquanto classe.
defesa da democracia e da liberda- "Interesses que não tem nada a
A FALTA DO BOM JORNALISMO de. A defesa de um jornalismo ver com os interesses da classe
crítico, independente e objetivo". trabalhadora", diz.
Uma mídia concentrada e Para Gianotti, os trabalhadores
partidarizada compromete a TRABALHADORES NÃO SÃO PAUTA não devem esperar que a classe
democracia e impede o trabalho empresarial tenha uma postura
sério dos profissionais. Venício Como representante da maior correta com um governo que os
Lima diz que é difícil falar em bom centrais sindicais do País, Rosane represente. "Não adianta esperar
jornalismo ou jornalismo plural no Bertotti critica também a forma que essa mídia coorporativa
Brasil. A maioria dos profissionais como a imprensa cobre as ações atenda aos interesses do povo
oprimido, porque são duas
não são autônomos, e com um sindicais. "Não somos fonte, as classes antagônicas com interes-
mercado de trabalho cada vez mais redações dos grandes jornais não ses contraditórios. Eles enten-
restrito a poucas empresas, o nos procuram para opinar sobre dem muito bem as necessidades
compromisso de se alinhar às nada em relação à política. Defini- do povo e, por isso, não deve-
linhas editoriais definidas pelas tivamente, os trabalhadores não mos ter nenhuma ilusão. Os
corporações aumenta diante da são pauta para a imprensa tradici- operários que se virem, essa é a
ameaça do desemprego, especial- onal. Isso se reflete na cobertura pauta da grande mídia” - con-
clui.



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